Será a arte notícia? Esta dúvida coloca-se sempre, quando começo a tentar escrever sobre este assunto. A arte é para se ver, para se sentir, para viver connosco paredes meias com uma série de objectos, mais ou menos inúteis, que vamos juntando ao longo da vida. Escrever sobre ela é um pouco como falar aos outros das aventuras de uma viagem que só nós vivemos.
Decidir mostrá-la publicamente, pode ser um acto de coragem e partilha, e só isso bastaria para louvar todas as Galarias de Arte que teimam em existir nas nossas cidades. Confesso que há alguns anos as Galerias de Arte eram por mim sentidas como espaços fechados, que me inibiam de entrar. Hoje, são habitualmente locais mais descontraídos onde toda agente pode entrar, cliente ou utente (ou serei eu que mudei?).
Ao escrever sobre este assunto gostaria de dar a conhecer, e incentivar a visitar, as Galerias de Arte como atitude cultural de um cidadão, mesmo que este sinta que não percebe nada de arte.
A “Má arte” é um “estúdio transparente onde produzem e mostram criações artísticas”. Tudo tem que ter um nome, e a escolha desta denominação tem colado um rótulo de provocação, que é comum em muita da (melhor) actividade artística contemporânea.
A “Má arte” é um “projecto situado no n.º 101 da Rua Dr. Alberto Soares Machado, ocupa um espaço de 340m2 organizado em 2 pisos onde os membros do colectivo desenvolvem o seu trabalho quotidiano, na área da fotografia, vídeo e pintura. Este é um espaço privado, mas interactivo com o exterior, observando o que se passa à sua volta, mostrando os resultados da sua actividade em diálogo com outros projectos.
O espaço multidisciplinar aloja estúdios, uma zona para processamento e impressão de imagem digital, áreas de exposição que permitirão realizar exposições e organizar oficinas de formação em fotografia e pintura.”
Não fique o leitor convencido que neste local pode observar os artesãos artistas pintando, fotografando, cantarolando, enfim produzindo o seu trabalho, como quem faz queijo da serra. Existe realmente uma socialização dos locais de trabalho dos criadores artísticos, que se vai abrindo à participação exterior em actividades diversas. A proximidade dos locais de produção aos de exposição e divulgação das obras faz lembrar os estúdios clássicos onde os velhos mestres realizavam e vendiam os seus trabalhos.
As potencialidades expositivas deste espaço têm sido exploradas tendo, por exemplo, sido possível ver trabalhos do fotógrafo João Leal, das séries “My own place” e “Endless”. Em “My own place”, “partindo do pressuposto que a fotografia pode ser vista como uma “máquina de medir o tempo”, as imagens servem de “leitmotifs” para a realização de buscas “fast forward” e “fast rewind” no “mecanismo” cerebral. No entanto, a medição do tempo baralha-se. As referências dadas são contraditórias. Em Roma a memória do passado impõe-se de uma forma majestática”
Esta galeria vai contribuir para juntar “algo” ao trabalho militante (histórico) que a família Sacramento tem vindo a fazer na promoção e divulgação da arte em Aveiro. A procura de mais valias culturais será muito mais efectiva quando assente na realidade, do que emanado de um modelo teórico. A “Má arte” vem
dar um contributo importante à vida cultural da cidade e em particular desta zona porque nela já existiam as galerias Sacramento, a Kompassus, e a Bau Uau (que é muito mais do que uma excelente loja…).
È fundamental que os responsáveis da cultura apoiem estas iniciativas e que criem condições para que as iniciativas dos cidadãos floresçam e se multipliquem. Não, não estou a falar do subsídio dependência. Existem muitas outras formas de apoio que dignificam todos os participantes no processo artístico; os que produzem as obras e os que as fazem chegar às pessoas.
Não estão a ver como?
É exactamente por isso que as políticas de promoção cultural são diferentes em função das pessoas e dos programas de quem se apresenta à direcção da sua cidade.
Em silêncio descobri essa cidade no mapa
a toda a velocidade: gota
sombria. Descobri as poeiras que batiam
como peixes no sangue.
A toda a velocidade, em silêncio, no mapa -
como se descobre uma letra
de outra cor no meio das folhas,
estremecendo nos olmos, em silêncio. Gota
sombria num girassol. -
essa letra, essa cidade em silêncio,
batendo como sangue.
Helberto Helder (EM SILÊNCIO DESCOBRI ESSA CIDADE NO MAPA)
O Director do Instituto dos Museus e da Conservação, a Directora do Museu de Aveiro e o Director Artístico do ciclo Música no Museu de Aveiro convidam V.ª Ex.ª para o “Flores de Música” no Órgão histórico do Museu de Aveiro (1784)
29 de Abril (4ª Feira) - Teatro Aveirense (16.00) Integrado no FADA - Festival de Teatro de Aveiro, o grupo de Teatro da Oficina de Música de Aveiro fará a sua apresentação com a peça "Shake, Shake, Shake", orientado pela professora Ana Salgueiro. ORGANIZAÇÃO: Teatro Aveirense
"A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) lança em 2009, ano em que assinala os 40 anos da instituição, o ciclo de conferências “Encontros a Norte”, centrado na promoção do intercâmbio de experiências internacionais na implementação de políticas públicas, planos de acção e outras iniciativas no domínio do desenvolvimento regional.
Numa óptica de passagem da estratégia à acção, este ciclo de conferências visa o envolvimento e a participação activa de instituições regionais, empresas e personalidades relevantes em cada uma das áreas temáticas escolhidas para os diferentes encontros, fazendo ainda apelo das experiências adquiridas em iniciativas recentes no âmbito do “NORTE 2015”.
Sendo as Indústrias Criativas uma das apostas prioritárias para a competitividade da Região do Norte, a CCDR-N, em parceria com a Agência para o Desenvolvimento das Indústrias Criativas (ADDICT), elegeu como tema da primeira conferência a experiência inglesa da Creative Industries Development Agency – (CIDA).
Anamaria Wills, Chief Executive da CIDA, foi a conferencista convidada, com uma comunicação intitulada “Transforming Creativity into Business: the case of the Creative Industries Development Agency""
"A A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN) abriu dois concursos de financiamento às indústrias criativas no valor de 40 milhões de euros, que é "uma aposta sem precedentes", disse ontem o presidente daquele organismo, Carlos Lage. "Estão a decorrer dois concursos de financiamento às indústrias criativas no expressivo valor de 40 milhões de euros para apoiar investimentos em infra-estruturas e grandes eventos culturais", anunciou o presidente da CCDRN, Carlos Lage, na conferência As indústrias criativas na Região do Norte.
Para Carlos Lage, o montante direccionado "em tempos de avareza para a cultura representa uma aposta sem precedentes ou paralelo". "A Região Norte é a primeira e porventura a única região portuguesa que beneficiará de um pacote específico de apoios e incentivos ao desenvolvimento do seu cluster de indústrias criativas", sublinhou. Segundo Carlos Lage, "a criatividade artística e pioneirismo cultural está no património genético da cidade do Porto".
O Programa Operacional Regional do Norte tem uma dotação orçamental de 25 milhões de euros para infra--estruturas, o que prevê a criação e qualificação de centros de competência e de excelência criativa, de incubadoras de negócios criativos e de espaços interdisciplinares de convergência criativa.
De acordo com o aviso de abertura das candidaturas, o objectivo é "dotar a Região Norte de espaços de convergência entre produção e fruição, de promoção e exibição de conteúdos criativos e de formação de públicos para actividades criativas".
A CCDRN abriu também um concurso para grandes eventos culturais, que recebe uma dotação orçamental de 15 milhões de euros.
"Os apoios concedidos destinam-se a criar oportunidades que valorizem, em Portugal e internacionalmente, as actividades culturais e criativas e as competências técnicas residentes no Norte de Portugal", realçou Carlos Lage, na primeira conferência dos Encontros a Norte, que se realizou ontem na Fundação de Serralves, no Porto. O prazo para apresentação das candidaturas decorre até 30 de Julho".
Os Amigos Amigosd'Avenida vêm por este meio informar que decorrerá no dia 16 de Maio, na Praça Melo Freitas, a partir das 15h, um workshop de pintura em azulejo. A actividade é gratuita e direccionada a todas as idades, podendo-se inscrever crianças e adultos.
Dando continuidade à parceria com a Efémero - Companhia de Teatro de Aveiro, o Ballet Contemporâneo do Norte, leva de novo ao palco do Estaleiro Teatral de Aveiro, o espectáculo NOCTURNO de Luís Carolino, de 7 a 9 de Maio pelas 21:30h. Nocturno, é a primeira criação do Ballet Contemporâneo do Norte realizada no contexto da residência da companhia em Santa Maria da Feira com a colaboração e apoio do Município local e da Feira Viva EM. http://www.efemero.pt/
"Iniciação ao Jazz", ministrado por José Duarte, é um curso aberto à comunidade que tem início, já na próxima terça-feira, no Centro de Estudos de Jazz da Universidade de Aveiro, entidade a quem, em 2002, doou todo o seu espólio discográfico e documental.
Numa linguagem acessível a todos, José Duarte propõe, comenta e ensina a ouvir a música dos principais actores da história do jazz. A formação decorre às terças-feiras, entre as 18.30 e as 20 horas. As inscrições já se encontram disponíveis. José Duarte dispensa apresentações. O seu nome está ligado a programas radiofónicos emblemáticos como "Cinco minutos de jazz", "A menina dança" ou o mais recente "Jazz com brancas", transmitido, diariamente, de segunda a sexta-feira, na RDP - Antena 2.
"Every moment of major social change requires a collective leap of imagination. Political transformation must be accompanied not just by spontaneous and organized expressions of unrest and risk but by an explosion of mass creativity.
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During the transition, arts advocates floated some big ideas--including the creation of an arts corps to bring young artists into underfunded schools, the expansion of unemployment support and job retraining to people working in creative industries and the appointment of a senior-level "arts czar" in the administration.
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For decades, the de facto policy has been to confuse the culture industry with the source of creativity and largely to abandon the production, promotion, distribution and enjoyment of arts and culture to the dictates of the boom/bust marketplace. The result has been the spread of "lifestyle economies" that are merely new forms of monoculturalism and the rise of an environment increasingly antithetical to creativity. A wave of deregulation in the culture industry has consolidated distribution channels and destroyed local scenes, locked away sources of inspiration behind fences of "rights management" and copyright and favored a "blockbuster or die" approach that raises barriers to entry and creates diseconomies of scale. Call it the privatization of the imagination.
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What we might call "the creativity stimulus" goes far beyond job creation and even economic development. Culture is not just something conservatives wage war on. The arts are not just something liberals dress up for on weekends. Creativity can be a powerful form of organizing communities from the bottom up. The economic crisis gives us a chance to rethink the role of creativity in making a vibrant economy and civil society. Artists as well as community organizers cultivate new forms of knowledge and consciousness. One of the unsung stories of the past twenty-five years is how both have used creativity to inspire community development and renewal. Creativity has become the glue of social cohesion in times of turmoil.
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Deeply rooted in the communities that made Obama's victory possible, these centers understand their work as transformational. Their communities are the most vulnerable to assaults on creativity, but they are also incubators of the most innovative ideas and movements of our time. This "creative communities" approach has created a vigorous and vital alternative to neoliberal and neoconservative versions of change.
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In 2003, in his first speech as culture minister, Gil stated that he wanted to forge "the opening of territory for creativity and new popular languages," ensure "the availability of space for adventure and daring" and secure "the space of memory and invention." Our urgent task is not just to repair the present but to recover the past and sow the future. When we are committed to advancing creativity, we will free these trailblazers to write the new narratives of America".
"Click here to download a discussion paper created to call a question that has been emerging into visibility since the nomination of Barack Obama for President:
Is the time right for cultural action to be recognized as a powerful force for democracy? Is there now a sufficient mass of activists and thinkers committed to cultural democracy to propel a broad-based, highly participatory movement advocating for democratic cultural policy, for substantial roles for artists in national recovery, for a shift to thinking about public policy and priorities that recognizes culture’s essential role as a crucible for change?
Cultural Recovery is a project to build and sustain a coalition of artists, cultural organizations and their allies in other realms of social action, education and organizing. They would join to promote the democratic interest in culture, including democratic cultural policies and substantial public investment in community development, education and community service through the arts. Its centerpiece would be culturalrecovery.net, an online center for information and organizing. While it would be home to a full range of initiatives to bring attention and resources to culture’s mobilizing power, its first targeted initiative would be a campaign to create a substantial, sustained public-sector investment in community service programs employing artists and cultural organizations as part of national recovery, WPA2.
This discussion paper lays out the need and the concept. If the idea is sound, we hope to find partners through the circulation of this paper:
• An institutional incubator for Cultural Recovery, a 501(c)3 organization that can serve as a launching-pad for the project;
• Contributed income to support the costs involved;
• Steering Group members willing to invest their wisdom and influence in the project".
Na linha da preocupação que os Amigosd'Avenida têm vindo a defender.
Future Vision Awards April 2009 Final call for entries We're accepting entries for Future Vision 09 until 30th April so you've still got a few days left to send us your bright ideas.
You can download an entry form and submit your idea here
Inspiration We're looking for bright ideas that could help improve communities, buildings, open spaces, transport systems, local amenities and sustainable living. Click here for some inspiration.
Award categories Here are the categories for Future Vision 09:
a.. Buildings - transform the way we design and build b.. Open spaces - make better use of space in towns, cities and villages c.. Play time - bring local communities closer together d.. Work life - improve local economies e.. Green thinking - create environmentally-friendly solutions for everyday living.
What next? You can download an entry form and submit your idea here
HCA Academy Round Foundry Media Centre Foundry Street Leeds
ENSEMBLE DA OFICINA DE MÚSICA DE AVEIRO 24 de Abril (6ª Feira) - Praça do Peixe (22.00) Integrado nas comemorações do 25 de Abril o Ensemble da Oficina de Música de Aveiro apresentará alguns temas com cheirinho a liberdade COLABORAÇÃO: Oficina de Música de Aveiro
Notícia http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1376019&idCanal=58 "A satisfação dos estudantes é superior na Universidade de Aveiro em comparação com outras instituições de ensino superior, na generalidade dos indicadores da avaliação nacional desenvolvida pelo Centro de Investigação de Políticas de Ensino Superior, hoje apresentada. A Universidade de Aveiro apresenta os melhores parâmetros de satisfação em quase todos os critérios do estudo da avaliação nacional da satisfação dos estudantes do ensino superior. Foram inquiridos 12 mil alunos do primeiro e últimos anos de cada curso, em universidades públicas e privadas e institutos politécnicos, correspondendo a amostra a dez por cento dos estudantes matriculados".
"Flores de música" 30 minutos no órgão histórico do Museu de Aveiro - dia 2 de Maio pelas 17 horas Concerto dos cravistas Edmundo Hora da universidade de Campinas- São Paulo e Mário Trilha - Universidade de Aveiro - dia 14 de Maio 21 horas, no âmbito do simpósio internacional Performa da UA Lançamento do CD In Monasterio Aveirensi - Música para Santa Joana Ensemble Joanna Musica dirigido por Mário Trilha - dia 6 de Junho pelas 21:30. Mais informação http://www.youtube.com/XVIIIMusica
Os Amigos Amigosd'Avenida vêm por este meio informar que não decorrerá qualquer evento no dia 25 de Abril na Praça Melo Freitas às 15h. Associam-se, no entanto, ao evento marcado para as 12h horas do mesmo dia, a decorrer no Rossio onde a Banda Amizade fará uma actuação para toda a Comunidade Aveirense.
Dia 25 de Abril ocorrem as seguintes actividades ligadas à arte contemporânea: - 10.00h abertura da exposição de arte contemporânea no Salão Nobre do Teatro Aveirense
- 16.00h abertura da exposição sobre obras ligadas ao 25 de Abril (Vieira da Silva, Cesariny, ...) e mostra de cartazes do 25 de Abril - apresentação e comentários do crítico de arte João Pinharanda
- 17.00h abertura da exposição do 1º aniversário da má arte - estúdio de criação e divulgação artística
Não falta o que ver, espero que possam comparecer
João Margalha
Estúdio: Rua Dr. Alberto Soares Machado nº 101 Aveiro, 3800-146 Aveiro, Portugal
"Terá Darwin morto Deus?" foi o nome escolhido por António M. de Frias Martins, da Universidade dos Açores, para a intervenção que hoje à noite vai fazer no Centro Cultural e de Congressos, no âmbito da "Biologia na Noite", que este ano tem como tema central Darwin.
Este título serve-me de pretexto para falar um pouco sobre uma das questões que tornam a figura de Darwin polémica e mediática: as relações da sua teoria com Deus.
Realmente se for feita uma análise linear e um pouco acrítica, dizer que os seres vivos evoluíram implica necessariamente aceitar a ideia que algo que evolui é porque não é perfeito. Evoluir segundo a definição do dicionário da Porto Editora significa, "passar por uma sucessão gradual de transformações; passar para uma situação melhor"
Assim sendo não há grandes dúvidas que a perfeição do responsável pela Criação era posta em causa e, se Deus não morria, era pelo menos ferido. Vale a pena saber como evolui a interpretação da visão humana sobre a obra de Deus (ou de quem poderá ter sido responsável por haver formas de vida).
Um dos primeiros pensadores cujas ideias sobrevieram até aos nossos dias foi Empédocles de Agrigentum (495 a.C a 435 a.C). Dizia este grego que a vida vegetal surgiu primeiro após a formação da Terra e que a animal "desabrochou" das plantas. As plantas não produziam animais inteiros, mas partes deles: braços, olhos, pernas, cabeças, de todo tipo de animais e até humanas.. Estas componentes individualizadas uniam-se e criavam criaturas extraordinárias e maravilhosas: centauros, monstros de duas cabeças e vários olhos, e todo o tipo de criaturas estranhas. Dizia Empédocles que as formas monstruosas que não conseguiam encontrar parceiros para se reproduzirem desapareciam rapidamente, extinguiam-se como hoje dizemos, sobrevivendo somente as formas cujas várias componentes do seu corpo funcionavam harmoniosamente.
É possível, entre uma barafunda de ideias estranhas, mitos e lendas da época, encontrarmos a ideia velada da noção que a evolução envolve a selecção natural, onde as formas mais adaptadas (as que tinham capacidade de se reproduzirem) é que sobreviriam.
Aristóteles (384 a.C a 322 a.C) citou Empédocles dizendo que ele foi o primeiro a dizer que as formas de vida melhor adaptadas poderiam ter aparecido por acaso e não por planificação (obviamente divina). Apesar dessa citação, a sua posição era claramente oposta. Foi Aristóteles que apresentou uma escada "evolutiva" em que ia das criaturas marinhas mais simples aos peixes, aos animais terrestres e no sentido ascendente, até à humanidade. "A natureza não faz nada sem um objectivo. Está sempre a esforçar-se para alcançar a maior beleza possível". Parecia assim aos filósofos da época que a humanidade se considerava como a perfeição divina, sendo o Homem a forma mais bela que a natureza poderia alcançar. Aí estava a obra de Deus!
A ironia é que na verdade, uma combinação das ideias de Empédocles sobre o acaso e a sobrevivência dos mais adaptados, em conjunto com a ideia de Aristóteles da evolução gradual, desde as formas mais simples de vida às formas mais complexas (embora não através de uma escada de perfeição crescente) é a base de uma versão exequível que consideramos ser a teoria de Darwin.
Nos séculos imediatamente posteriores ao nascimento de Cristo, algo notavelmente parecido com a moderna visão da evolução, mas baseada nas ideias veiculadas por Aristóteles e na noção da luta da natureza para alcançar a perfeição, foi aceite e ensinada por alguns dos pais fundadores da Igreja Cristã. Gregório de Nissa (331-396) ensinou que a criação era potencial: Deus provia a matéria das suas leis e propriedades fundamentais mas que os objectos e formas completas do Universo desenvolviam-se posteriormente ao seu próprio ritmo, do caos primordial. Santo Agostinho (353-430) foi ainda mais claro dizendo que os germes originais das coisas vivas surgiram em duas formas, uma colocada pelo Criador nos animais e plantas e uma segunda variedade espalhara-se através do meio ambiente, destinada a tornar-se activa apenas sob as condições adequadas. A sua interpretação do registo bíblico da criação não deveria ser interpretado literalmente como ocupando seis dias mas seis unidades de tempo. Santo Agostinho liga a Criação ao crescimento de uma árvore a partir da sua semente, a qual tem o potencial para se tornar uma árvore. Deus criou o potencial para os céus e a terra e para a vida mas, neste enquadramento os detalhes geravam-se a si mesmo de acordo por leis definidas por Deus (que não eram claramente do seu conhecimento). Não era necessário que Deus criasse individualmente cada espécie. Em vez disso o criador fornecia as sementes do Universo e da vida e deixava-as desenvolver ao seu próprio ritmo. Em todos os aspectos com excepção da mão de Deus para iniciar o Universo a teoria de Santo Agostinho era uma teoria de evolução.
São Tomás de Aquino (séc. XIII) aprova a ideia de que Deus pôs o Universo em movimento e depois foi descansar. Estas teorias foram aceites na Igreja até meados do século XVI. A partir desta altura a ideia de Criação Especial - a noção de cada forma de vida na terra foi individualmente criada por Deus e tem permanecido inalterável desde a sua Criação - tornou-se a sabedoria aceite pela Igreja cristã e foi o padrão da Igreja até meados do século XIX. Francisco Suarez (1548-1617) jesuíta espanhol cuja educação religiosa o tornou particularmente hostil aos ensinamentos muçulmanos, emerge como um dos fundadores deste interpretação da Criação Especial.
Não gostaria neste contexto de aprofundar esta questão, mas é importante lembrar que foram a partir de fontes muçulmanas que muitos textos clássicos gregos chegaram aos nossos dias, e que não é improvável que alguma mistura de ideias entre os textos clássicos e o pensamento muçulmano, pudesse ter tido influência no abandono da posição de Aquino.
Gostaria de referi a posição de Francis Bacon (1561-1626) que sustentava que tanto a Bíblia como a natureza eram obras de Deus e, portanto, o estudo da Natureza (obra de Deus) era tão importante quanto o estudo da Bíblia (palavra de Deus) para compreender Deus.
Poderei então concluir que Darwin não matou Deus, mas fez ressuscitar o Deus de Agostinho e Tomás.
Deus de tudo e do nada, se existes, uno e trino, suprema omnisciência, trabalhaste seis dias e resistes impassível do céu, com paciência;
se em vez da criação numa semana tivesses operado um mês a eito, esculpisses o barro com mais gana e fizesses um mundo mais perfeito;
(repara, por exemplo, vê o homem que se diz ser à tua semelhança e que mata e devasta e cria a fome, em nome do poder e da abastança);
perdoa-me a pergunta impertinente: existes como O Ser, ou como ente?
Domingos da Mota
Informações recolhidas em "Darwin" de Michel White & Jonh Gribbin
22Abr (4ª Fª) | 22h | Café-Concerto, Lounge ARTES D'ARTE DIVERGÊNCIAS CONVERGENTES - QUADRO DE TI
DIVERGÊNCIAS CONVERGENTES - QUADRO DE TI é um trabalho experimental sobre as emoções, desenvolvido através da improvisação e de diferentes técnicas de composição coreográfica com recurso a diversos estímulos, tais como obras literárias, som, objectos, e que aborda as relações humanas. COREOGRAFIA Sandra Leite | INTÉRPRETES João Cardote e Rosa Rufino | MÚSICO João Sousa Entrada livre ORGANIZAÇÃO Câmara Municipal de Aveiro / Casa Municipal da Juventude COLABORAÇÃO PerFormas - Estúdio de Artes Performativas http://performas.blogspot.com/
Os centros urbanos de Pardelhas e da Torreira vão ter vias cicláveis integradas num projecto de requalificação daquelas duas zonas do município da Murtosa, anunciado este domingo no "Primavera Ciclável".
newsletter @ua_onlinenewsletter @ua_online "É já esta quarta-feira, 22 de Abril, pelas 15h00, que o Departamento de Comunicação e Arte da UA (DeCA) recebe mais uma iniciativa realizada no âmbito das «conversas 2.0», promovidas pelo labs.sapo/ua. Desta vez, o auditório do DeCA acolhe um dos mais conhecidos hackers e pioneiros da Internet, em Portugal, Mário Valente. A conversa em torno do tema «Technology, guitars and entrepreneurship: an eternal golden braid» inicia-se pelas 15h00". [ver mais]
Aqui ficam alguns registos dos principais momentos...
(o convite foi amplamente divulgado)
(e dirigido, em particular, aos proprietários das pasteleiras - esta, em particular, fazia hoje quarenta anos de registo)
(o convite foi também endereçado à indústria da região - fizeram-se representar no certame a ORBITA e a RODI)
(a Murtosa tem uma forte comunidade que se envolve nestas iniciativas de forma muito intensa e peculiar - a D.ª Maria da Glória Cruz produziu estes belos versos sobre o tema)
De Aveiro veio uma notável bicicleta (articulada, hipociclo?) imaginada e concebida pelo Tio João (Maio) um inventor de Aveiro - mecânico autodidata, contabilista de profissão - que deveria justificar uma atenção especial por quem se preocupa e estuda a inovação. Esta é uma das suas várias invenções (na foto um filho do Tio João Maio).
Outro exemplar da bicicleta produzida pelo Tio João Maio (Aveiro)
(e com esta funcionalidade particular - uma bicicleta com descanso que permite funcionar como aparelho de ginástica)
(este é um dos exemplares mais antigos - uma bicicleta do início do século XX - cedida pela empresa RODI para este evento)
(estes dois exemplares, também muito antigos, com a particulariedade de terem um gazómetro, foram cedidas pelo Rancho Folclórico Beira Ria do Bunheiro)
(alguns dos participantes nesta festa vieram vestidos a rigor)
Atendendo à participação de última hora do S. Pedro no projecto "se esta praça tivesse 250 anos", ficou adiada a participação do Arte Riso com os seus Abralhaços para uma próxima oportunidade.
O programa "A Alma e a Gente", de autoria e apresentação do historiador José Hermano Saraiva, será esta semana dedicado a Aveiro. Vai falar sobre personalidades locais de relevo, elementos histórico-culturais e patrimon... (ler mais) http://www.terranova.pt/site/noticias.asp?acr=inf&ac=ver&id=43507
Projecto "Se esta praça tivesse 250 anos" que irá ocorrer:
18ABRIL, SÁBADO, PELAS 15H, NA PRAÇA MELO FREITAS, EM AVEIRO
SESSÃO #4, ARTE RISO - ABRALHAÇOS
Relembramos que se trata de um evento de animação do espaço público de uma das principais praças de Aveiro, desenvolvido no âmbito da comemoração dos 250 anos da cidade e promovido pelos Amigosd'Avenida e pela Plataforma Informal de Agentes Culturais e Criativos de Aveiro.
"Depois de passar seis rios e três cadeias de montanhas surge Zora, cidade que quem viu uma vez nunca mais pode esquecer. O homem que sabe de cor como é Zora, nas noites em que não consegue dormir imagina que anda pelas ruas e recorda a ordem em que se sucedem o relógio de cobre, o toldo às riscas do barbeiro, o repuxo dos nove esguichos, a torre de vidro do astrónomo." Italo Calvino
A propósito do dia do mundial do livro, a 23 de Abril, a Associação Cultural Respigarte e a Livraria Trama quiseram colocar algumas questões àqueles que parecem ter com os livros uma relação que vai muito além do consumo. O livro, produzido e reproduzido em massa, continua a ser objecto de culto. Numa época em que as montras das livrarias se renovam diariamente, ao ritmo incessante das publicações, porque razão se procuram tanto alguns títulos esgotados? Cada livro é um edifício, uma construção no leitor. A cada nova leitura vai-se formando um bairro, com largas avenidas, becos estreitos, pontes, jardins. Como se arquitecta esta cidade invisível? Qual o percurso do leitor, de que modo passa de uma construção para outra e, acima de tudo, como se relaciona a nossa cidade com a cidade do leitor ao nosso lado. Queremos saber qual o ponto de encontro, que caminhos se usaram para chegar a Roma. Todos são possíveis, como se sabe. Serão convidados escritores, músicos, tradutores, editores, encenadores e, acima de tudo, LEITORES. Diana Mascarenhas vai desenhar ao vivo o mapa da nossa cidade, o roteiro das nossas leituras.
Moderação: Rosa Azevedo Convidados: Jorge Silva Melo, Pedro Vieira, Francisca Cortesão - Minta, Abel Barros Baptista, Jorge Fallorca, Luís Filipe Cristóvão, José Mário Silva (outros que tais, ainda por confirmar!)
Actualizações sobre as misteriosas linhas desta conversa: www.estoriascomlivros.blogspot.com e www.atrama.blogspot.com
"Três pessoas podem fazer uma multidão e sete actores podem fazer uma cidade: é essa aparatosa conta de multiplicar que tem lugar em Porto em Directo, o espectáculo de café-teatro que a Seiva Trupe estreou ontem no Teatro do Campo Alegre. Claudio Hochman, um argentino que "não conhecia o Porto", controla as operações: "Conheci o Porto através destes actores. Trabalhámos com elementos do imaginário deles e também fizemos trabalho de campo, com muitas saídas à cidade", explicou ao P2. Os sítios onde estiveram durante o processo de criação do espectáculo são os sítios aonde vamos agora em Porto em Directo: a Avenida dos Aliados pós-requalificação, o Jornal de Notícias, o "Triângulo das Bermudas Serralves-Casa da Música-São João, onde segundo alguns se esgota misteriosamente toda a actividade cultural da cidade", o Mercado do Bolhão, o liceu Carolina Michaëlis, a estátua de Almeida Garrett, o teatro municipal onde há "musicais de sexta a sábado com quatro récitas diárias" e as Quintas de Leitura do próprio Teatro do Campo Alegre, além do suposto estúdio de televisão onde decorre toda a acção da peça. Há outros encontros imediatos com pessoas que tanto encontramos nas esquinas mais sujas da Baixa (a Zélia e o senhor que pede um euro emprestado, dois mendigos que fazem parte da mobília da cidade) como nas melhores partes da Foz (Eugénio de Andrade, Vasco Graça Moura, mas também Rosa Mota e Vítor Baía). Ao todo, são 44 cenas - também é uma multidão - em que os actores contam esta história pelas suas próprias palavras. "Foi muito interessante conhecer o Porto através deles, perceber qual era a história que eles queriam contar. Foi uma opção arriscada, porque podia não ter acontecido nada, mas este processo tornou o espectáculo mais rico e fez com que os actores se apropriassem mais dos materiais, porque sentem que isto é completamente deles." Houve algumas regras: Porto em Directo tinha que ter números musicais e tinha que ser "sobretudo um divertimento", e por isso Claudio Hochman fez questão de que este olhar sobre a cidade não fosse politizado. "Como eu não vivo cá, sou um forasteiro, disse-lhes que não queria que falássemos de política. Claro que isto está cheio de crítica social, no sentido mais genérico do termo, mas não é um espectáculo partidário. Não me parecia adequado irmos por aí, interessava-me que trabalhássemos sobre aspectos mais essenciais da vida do Porto", diz".
Notícia Público http://jornal.publico.clix.pt/default.asp?url=/main.asp%3Fdt%3D20090417%26page%3D24%26c%3DB "Há um cliente especial na manhã de hoje do Café Ceuta. Sentado, de olhar fixo na agitação da rua, Pedro Eiras volta-se para o caderno e começa, num rasgo de inspiração, a escrever com destreza. Eiras é um dos criadores em Regime de Meia Pensão, um projecto de residência artística da associação cultural Arco-da-Velha. Até sábado, cinco autores portugueses vão estar instalados em cinco "cafés emblemáticos" do Porto, formando uma caricatura de uma residência real, na qual a criação completa "um viver de cama, comida e roupa lavada", explica ao PÚBLICO Marta Bernardes, uma das responsáveis pelo evento. A iniciativa visa reavivar a ligação entre a "actividade intelectual" e "um dos locais de excelência" para a discussão e o trabalho. Alojado junto à janela do Ceuta, Pedro Eiras deixa-se imbuir pelo ambiente "ambíguo" do café - uma "tranquilidade" pautada pelo barulho, uma "solidão" acompanhada - e pela "selva urbana" que se compõe lá fora. É esse "jogo de pessoas e carros" o motor do raciocínio criativo do escritor. A estória ainda está em forma de esboço, mas já tem personagem principal: surgiu a partir do ritmo que acompanha "as pessoas a descer a rua", diz. Os clientes que vão entrando e saindo do Café Ceuta olham timidamente este novo residente, numa "forma involuntária de intervir" na criação. A artista plástica Isabel Carvalho, no Guarany; o escritor João Gesta, na Leitaria da Quinta do Paço; o actor Jorge Andrade, no Plano B; e valter hugo mãe, no Maus Hábitos, estarão todos eles em "meia pensão". Até sábado, cada um deles vai continuar a fazer crescer as suas estórias".