'O Roteiro das Comunidades Locais Inovadoras inspirou-se na convicção de que, tirando partido do efeito de proximidade, estas comunidades podem dar um contributo decisivo para a recuperação económica sustentável, através da resolução de problemas sociais; de acções solidárias e cooperativas de apoio aos mais vulneráveis; do aproveitamento e valorização dos seus recursos: naturais, humanos, patrimoniais e culturais; da criação de novas oportunidades de emprego local; e do fortalecimento da capacidade produtiva das autarquias e de pequenas e médias empresas competitivas.
A diversificação sectorial e regional é, aliás, um factor importante para o futuro do País. Esta dupla diversificação contribui, por um lado, para minorar o impacto dos choques económicos negativos sobre a vida das pessoas e das regiões e, por outro, para desbravar caminho para a descoberta de novas áreas de vantagem comparativa, tornando-nos mais fortes no mercado internacional.
Acresce que a diversificação regional, baseada no aproveitamento dos recursos locais e produtos tradicionais, pode contribuir para restabelecer os equilíbrios territoriais e fortalecer a coesão nacional.
O impacto de cada iniciativa local inovadora pode não ter uma dimensão marcante à escala nacional. Mas a multiplicidade de iniciativas locais poderá ter um efeito agregado muito significativo. Por isso, creio que é necessário intensificar, qualificar e disseminar no território estes impulsos de desenvolvimento, mobilizando os recursos locais que, de outro modo, seriam ignorados ou até delapidados.
O poder autárquico pode, naturalmente, ter um papel importante nesta dinamização das energias e capacidades locais. Desde logo, favorecendo a iniciativa empresarial e o empreendedorismo dos jovens, facilitando a cooperação e a partilha de informação entre os agentes económicos locais e promovendo o desenvolvimento de parcerias e redes de contacto. Mas, também, estimulando as microempresas a ganharem dimensão, a reforçarem a qualificação dos seus recursos humanos, a melhorarem as práticas de gestão e a penetrarem nos mercados externos.
As autarquias podem, em suma, empenhar-se na difusão de uma cultura de inovação e criatividade, para que nas actividades económicas, sociais, ambientais ou culturais, independentemente da escala, se faça diferente, se faça novo, se faça, sobretudo, com mais qualidade e eficiência. Estou convencido de que as autarquias são, cada vez mais, agentes de desenvolvimento que o País não pode dispensar'.
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Nacional/Interior.aspx?content_id=1539586