Segunda-feira, 12 de Abril de 2010

Na sequência de um pedido feito pelos Amigosd'Avenida fomos recebidos pelo Dr. António Soares, assessor da presidência da autarquia, e pelos técnicos da autarquia, Arq.º José Quintão e Arq.ª Emília Lima. Nesse encontro foram discutidos vários assuntos relativos ao futuro da cidade, entre os quais a proposta da Ponte Pedonal do Rossio.

Gostaríamos por isso, e em primeiro lugar, de tornar público o agradecimento pela disponibilidade demonstrada e pela agradável e acesa troca de opiniões.
A síntese das conclusões desse encontro pode ser lida neste post. Contudo, e de forma sintética, gostaríamos de dizer que, no que concerne à Ponte Pedonal do Rossio, e apesar dos esclarecimentos prestados, continuamos a manifestar profundas reservas relativamente à opção tomada, acentuadas pela informação que a autarquia irá lançar um conjunto de estudos/instrumentos de planeamento para a zona central da cidade, que irão ter repercussões profundas na mobilidade e vivência da zona central. A concretizar-se a Ponte Pedonal, neste momento, pode estar-se em presença de mais um constrangimento (dispendioso e evitável) para uma adequada solução global, que se manifesta já de si complexa e delicada.

Os Amigosd'Avenida reiteram, deste modo, a sugestão de reponderação da construção da ponte pedonal e o seu lançamento após a definição do ordenamento global do centro da cidade.

José Carlos Mota

 

 

 

________________________________________________________________________________________

 

Notas da reunião com Câmara Municipal de Aveiro (CMA) sobre Ponte Pedonal do Rossio e questões afins

2010.03.30

presenças: António Soares, José Quintão e Emília Lima (CMA) e Gil Moreira, Cristina Perestrelo e José Carlos Mota - Amigosd’Avenida

 

 

Ideia geral

  1. Como ideia geral da reunião, importa referir que foi possível perceber que existe um acordo quanto aos princípios técnicos que se defendem para a intervenção na cidade - promoção de uma cidade para os peões (e cidadãos), invertendo uma prática de planeamento do espaço público que tem vindo a privilegiar o automóvel. Contudo, no que concerne à sua concretização prática, isto é, ao desenvolvimento de propostas de planeamento/projecto do espaço público, existem divergências quanto à sua natureza, programa funcional, oportunidade e metodologias.
  2. Para além disso, houve uma chamada de atenção para aos riscos da utilização da metodologia de concurso de ideias, tal como tem vindo a ser promovida pela CMA, sem qualquer debate/reflexão pública sobre o ‘programa base’ das iniciativas (isto é, objectivos, princípios de actuação e orientações programáticas), gerando um conjunto de situações (de conflito cívico ou de mau planeamento da cidade) que poderiam ser evitadas. Propôs-se assim que a CMA, nas iniciativas relevantes, antes de lançar um estudo de planeamento (por ex: concurso de ideias) promova uma adequada discussão pública para que os cidadãos sejam ouvidos na discussão dos conceitos, objectivos e programas funcionais das propostas de planeamento.

 

Ponte Pedonal do Rossio

  1. No que concerne à Ponte Pedonal do Rossio, foi possível concluir que a decisão sobre a sua necessidade não teve como suporte um estudo técnico, onde se tenha avaliado com rigor o número de pessoas que irá servir, os eventuais impactos positivos que poderá potenciar ou efeitos perversos que poderá ter (por exemplo das migrações de funções – bares e restaurantes). A sua localização foi definida de uma forma ampla, tendo sido deixado ao projectista vencedor do concurso a definição exacta da sua localização e o modo de articulação das duas margens.
  2. Foi transmitido pelos técnicos da CMA que existe a percepção que a actual circulação pedonal pela Ponte Praça é penalizadora da deslocação entre margens, mas a autarquia não possui estudos que quantifiquem a poupança de tempo que ela irá permitir reduzir.
  3. Os Amigosd’Avenida manifestaram receios quanto à localização da ponte (e impacto visual), dúvidas quanto à inserção e integração num contexto territorial mais vasto (ligação na envolvente imediata – Rua Galitos - e na envolvente mais vasta - PdS/Universidade de Aveiro) e preocupações quanto à dificuldade em controlar o eventual excesso de funções ligadas à restauração no Alboi (podendo vir a ocorrer uma situação semelhante à que existe hoje na Praça do Peixe).
  4. Os Amigosd’Avenida referiram que a Ponte Pedonal não elimina todas as deslocações via Ponte Praça e que estas continuarão a ser ‘penalizantes’ já que não se conhece qualquer intenção de intervenção nesse espaço.
  5. Para além disso, lamentaram o facto do Rossio não estar integrado no Parque da Sustentabilidade, já que o estado de degradação que apresenta (equipamento, mobiliário urbano, higiene urbana, iluminação, problemas sociais que ali ocorrem) justifica uma intervenção urgente, podendo questionar-se se não se justificaria alterar a prioridade, isto é, trocar o investimento de mais de 700 mil euros da Ponte por uma intervenção no Rossio, um dos principais espaços verdes da cidade e, apesar de tudo, um dos mais visitado.
  6. A CM Aveiro informou que tem em ponderação um conjunto de instrumentos de planeamento para o Centro da Cidade. O primeiro é um Concurso de Ideias para a Ponte Praça e envolvente, e que abrange a área da Praça Melo Freitas. O segundo é um estudo de um conjunto de parques de estacionamento no centro da cidade (um dos quais possivelmente será no Rossio).
  7. Face a este conjunto de intenções, que irão ter repercussões profundas na mobilidade e vivência da zona central, e às dúvidas que foram previamente manifestadas, os Amigosd’Avenida reiteraram a sugestão da reponderação da construção da ponte pedonal e o seu lançamento após a definição do ordenamento global do centro da cidade.
  8. A concretizar-se aquela Ponte, neste momento, pode estar-se em presença de mais um constrangimento (dispendioso e evitável) para uma adequada solução global, que se manifesta já de si complexa e delicada.

Praça Melo Freitas

  1. No caso da Praça Melo Freitas, fomos informados da recepção de três propostas no concurso público lançado pela CMA, tendo sido referido que se tratam de intervenções sensatas e de carácter provisório (mas não foi ainda tomada qualquer decisão final).
  2. Manifestou-se preocupação face ao período de vigência do contrato de concessão da publicidade (5 anos) e alertámos para a necessidade de rapidamente se lançar o debate prévio sobre o concurso de ideias, tendo sido referido que será o mesmo que englobará a Ponte Praça.

Avenida Lourenço Peixinho

  1. No caso da Avenida Lourenço Peixinho foi-nos transmitido que o processo de planeamento da Avenida vai ter um desenvolvimento muito em breve.
  2. Foi sugerida a realização de uma sessão de trabalho com alguns dos ‘parceiros estratégicos’ para uma mais precisa definição do ‘programa base’ da iniciativa (já que os 30 princípios que a CMA apresentou se afiguram como relativamente genéricos).

 

Parque da Sustentabilidade

  1. Foi referido que a forma como o projecto do Parque da Sustentabilidade estava a ser promovido, sem qualquer debate público sobre as soluções técnicas de pormenor (por exemplo no caso do Alboi), estava a gerar mal-estar na comunidade mais atenta a estas questões. Solicitou-se que a CMA promovesse debates sobre as várias propostas do PdS. Fomos informados que brevemente esse debate irá ocorrer.

Conclusão

  1. Os Amigosd’Avenida manifestaram disponibilidade para participar nos momentos de reflexão que a autarquia entenda produzir sobre o futuro da cidade. A autarquia apresentou as suas posições, princípios e objectivos da CMA e os Amigosd’Avenida expuseram os seus pontos de vista e preocupações.
  2. Importa tornar claro que desta reunião (iniciativa louvável, mas tardia – ocorreu mais de um mês depois de solicitada), em particular no que concerne à questão da Ponte Pedonal do Rossio, não resultou um encontro de posições, mas antes uma clarificação e debate franco de posições divergentes.


publicado por amigosdavenida às 12:40 | link do post | comentar | favorito

2 comentários:
De Tiago Castro a 12 de Abril de 2010 às 13:53
Fantástico serviço público, obrigado.

Acho que o Ponto 5 ilustra bem esta questão.


De Jorge Pinto a 12 de Abril de 2010 às 14:11
Eu não gostaria nada de morar no Alboi e vir a ter lá bares como acontece na praça do peixe, em que as pessoas vomitam e mijam nas portas das casas, além de deixarem "lixo" como as garrafas e copos de cerveja.


Comentar post

SOBRE CIDADES, CIDADANIA, O FUTURO E AVEIRO. UM BLOGUE EDITADO POR JOSÉ CARLOS MOTA
GRUPO FB 'PENSAR O FUTURO - AVEIRO 2020'
2013-01-04_2204.png
ADESÃO À MAILING-LIST 'PENSAR O FUTURO DE AVEIRO'

GRUPO 'PENSAR O FUTURO DE AVEIRO'
AUTOR
E-mail Gmail
Facebook1
Facebook2
Twitter
Linkedin
Google +
QUORA
JCM Works
Slideshare1
Slideshare2
Academia.Edu
links
Maio 2014
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3

4
5
6
7
8
9
10

11
12
13
14
15
16
17

18
19
20
21
22
23
24

25
26
27
28
29
30
31


mais sobre mim
arquivos

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008