Notícia Público
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Galeristas estão satisfeitos com as obras, concluídas dez anos depois do projecto inicial, e já pensam na beneficiação do resto
desta rua do Porto
A Não é uma grande obra - apenas algumas dezenas de metros de rua. Para quem esperou uma década para ver o projecto ganhar corpo, trata-se, porém, de "uma mais-valia para a cidade e para a qualidade de vida das pessoas". Demorou, mas está feito: uma pequena parte da portuense Rua de Miguel Bombarda, também conhecida como "a rua das galerias de arte", está desde o início da semana entregue aos peões, obedecendo ao desenho traçado há dez anos pelo arquitecto Filipe Oliveira Dias e pelo artista plástico Ângelo de Sousa.
Entregue aos peões? Nem por isso. Ontem, ao início da tarde, já havia turistas desfrutando do sossego que agora impera no troço que vai da Rua da Boa Nova à Rua de Adolfo Casais Monteiro, sentando-se nos novos bancos de granito para repousar as pernas e consultar o mapa da cidade, mas também já lá estavam vários veículos aparcados, ao ponto de a chegada de um carro da Câmara do Porto, com polícias municipais que ali foram fiscalizar uma obra particular, ter entupido completamente a rua, com três viaturas estacionadas a par.
Adiante. Em termos práticos, e para o que interessa, o acesso automóvel da Rua de D. Manuel II à da Boa Nova passou a fazer-se por uma rampa e o novo arranjo curva depois à direita para Miguel Bombarda, embora os automóveis sejam obrigados a seguir em frente. O acesso "para cargas e descargas e acesso a garagens" na rua das galerias passa a efectuar-se pela Rua de Adolfo Casais Monteiro, estando toda a área objecto de intervenção munida de pinos metálicos para dissuadir a paragem de viaturas. Nas duas entradas para a "obra de arte", conforme lhe chama o galerista Fernando Santos, há ainda barreiras retrácteis que permitirão encerrar completamente o acesso ao novo tapete de granito.
A obra permitiu ainda criar uma pequena praça, com uma árvore, no entroncamento de Miguel Bombarda com a Boa Nova, sendo o pavimento decorado com motivos geométricos compostos por quadrados de quatro cores diferentes e rostos em baixo-relevo talhados em blocos de granito. "Acho que ficou bem. No início não achei bem, mas agora gosto. O problema é que estou aqui há quarenta e tal anos e não sei como isto vai ser. As pessoas só vão aonde vai o carro", aprecia Maria Rosa Baldaia, proprietária de uma loja de antiguidades que já ali estava antes de chegarem as galerias, as lojas da moda e toda a fauna fashion e anexa.
Bastante mais optimista está Fernando Santos, o primeiro galerista a instalar-se em Miguel Bombarda e principal dinamizador do projecto de beneficiação da rua. "A obra torna toda esta zona mais apetecível", disse ao PÚBLICO. "A câmara está de parabéns", comentou, acrescentando que falta agora fazer avançar o arranjo ao resto da artéria.
Apesar da crise, continuam a abrir novas lojas na Rua de Miguel Bombarda e até já se fala num hotel que poderá vir ocupar um terreno devoluto existente no troço agora beneficiado.