Sábado, 28 de Março de 2009

(publicado Diário de Aveiro)

 

Hoje em dia quando se começa a discutir o funcionamento e a organização das actividades culturais, não é preciso esperar 5 minutos para se falar em redes. Pelo sim pelo não, fui ver ao dicionário o que era isso de “rede”?

Obtive as seguintes respostas, que me apetece comentar.


a) “Tecido de malhas de variável largura para apanhar peixes, etc.”

Ficamos então a saber que rede é um tecido de malhas variáveis em largura. Essa dimensão das malhas está dependente da dimensão do peixe que queremos apanhar. Parece-me uma douta definição que na cultura dará muito jeito. Antes de falarmos em construir redes, vamos caracterizar as dimensões do peixe que queremos apanhar, para poder definir as dimensões da malha. Se for muito larga foge o peixe miúdo todo, está bom de ver…

 

b) “Tecido de arame (para vedações, etc. )”

 

Esta definição merece-nos todo o cuidado! Será que quando uns falam em rede para apanhar peixe, os outros agentes estão a pensar em tecido de arame para encerrar ideias mais ousadas ou espíritos mais rebeldes?

c) “Leito balouçante feito de malha e que se suspende de dois ganchos nas extremidades”

Não tenho dúvidas que em muitas reuniões, daquelas bem chatas, a bendita palavra “rede” nos transporte, não para a apanha de peixe, muito menos para qualquer galinheiro, mas sim para um leito balouçante feito de malha. È talvez o significado da palavra que reúne mais adeptos…

 

d) “Totalidade dos circuitos e dispositivos de comutação que permitem a ligação entre os equipamentos terminais de dados”


Nestas reuniões da cultura começa a ser normal (felizmente) a participação de pessoas da tecnologia que, ao ouvirem falar em rede, vibram com a ideia de os circuitos e dispositivos de comutação permitirem a ligação entre os equipamentos e os terminais de dados. Seria pois fundamental que no espaço da cultura assim fosse.



e) “Conjunto de linhas-férreas, telegráficas, telefónicas, etc.”

Estou convencido que só uma pequena minoria ainda sabe as linhas de caminho de ferro em Portugal. A rede telefónica já não é o que era e que o diga o Bill Gates!

 

 

f) “Cilada

 

Agora é que a coisa começa a complicar! Quando alguém quer simplesmente pescar, ou repousar num leito balouçante, outros podem interpretar a mesma palavra como cilada. Começo a perceber porque é tão difícil os portugueses entenderem-se.

g) “Compilação de coisas tecida pela intriga”

 

Julgo que não podia terminar melhor. Uma rede poder ser, não uma forma superior de colaboração e entendimento, mas sim uma compilação de coisas tecidas pela intriga., Justifica cientificamente porque é que existe uma incompatibilidade lusitana, vertida na língua que nos une, de trabalharmos em conjunto.
É por isso que qualquer que seja a definição de rede ela depende de nós, e os “nós”, depende de quem os saiba e queira dar, ou seja de Nós.

Só nos resta ir tentando dar esses nós, aqui e ali, onde houver pontas de imaginação e de criatividade soltas. Quanto mais de Nós atarem essas pontas de cidadania, mais malhas da rede se vão fazendo, e talvez um dia, quase sem dar-nos por ela, a rede ampare a nossa queda nos dias em que não nos sentirmos felizes.

A semana passada, ao sair de casa perto da meia noite, para ir ver Galerias senti-me apanhado por essa rede, e gostei!

 

 

Este homem que pensou

Com uma pedra na mão

Transformá-la num pão

Transformá-la num beijo

 

Este homem que parou

No meio da sua vida

E se sentiu mais leve

Que a sua própria sombra

 

António Ramos Rosa



publicado por amigosdavenida às 00:25 | link do post | comentar | favorito

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