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[publicado no Diário de Aveiro 24 JAN]
'Por diversos motivos, desloco-me por vezes a Aveiro, vindo do Porto.
Há tempos, li uma reportagem no jornal Público sobre o bairro do Alboi. Julgava não conhecer o local mas pela descrição feita depreendi que já tinha andado por lá perto, em deambulações a pé, meu modo preferido de me deslocar quando possível.
Falava-se da revolta dos moradores desse local perante um projeto de «requalificação». Eis uma palavra que me suscita as maiores reticências, de tal modo tem sido utilizada, desde há 15 anos sobretudo, para justificar por vezes intervenções desnecessárias e caras, abates indiscriminados de árvores, destruição de elementos urbanos valiosos e sua substituição por outros duvidosos, descaraterização de traços identitários da paisagem urbana.
Teriam os moradores razão na sua revolta?
Se fosse algo do género, certamente eu estaria de acordo com eles.
O enquadramento da intervenção que motivava o seu protesto num projeto designado de «sustentabilidade» foi outra coisa que me alertou.
A verdadeira «sustentabilidade» (ambiental, ecológica, social, económica, financeira) não só merece todo o apoio como é uma necessidade imperiosa.
Mas tal como com a palavra «requalificação», apercebi-me desde há uns anos que o termo é hoje utilizado com frequência para designar o exato oposto. É a famosa «novilíngua» (Georges Orwell) em que os termos são aplicados de modo a, passando por verdadeiros, mentir e falsear, neste caso fazendo aparentemente passar por obra meritória o que seria a sua exata negação.
Fiquei curioso. Quando fosse a Aveiro, iria querer saber onde é o Alboi e tentar perceber as razões dos moradores.
Deambulava vindo da Universidade e ladeava um quarteirão por onde já várias vezes antes tinha passado, quando, quase inadvertidamente, reparei que uma janela ostentava um humilde cartaz impresso a preto onde sobressaía a palavra «Alboi».
Entrei no bairro (que afinal conhecia mas apenas na periferia) e logo a seguir no jardim interior, ponto central e o mais afetado pela intervenção prevista e a que se opõem muitos dos moradores.
Em Aveiro, como na generalidade do país, há alguns bairros de construção «moderna» confrangedora onde uma real requalificação faria algum ou mesmo muito sentido. Mas entrar naquele bairro, modesto, gracioso mesmo sem possuir nenhuma obra «grandiosa», naquele jardim simples, sem pretensões, mas correto, agradável, acolhedor, é entrar numa dimensão de paz, de tranquilidade, de silêncio!, de oásis (apesar de Aveiro ser uma cidade de dimensão e trepidação suportáveis), que transporta o morador ou o visitante ocasional para outra dimensão.
De imediato era percetível que um espaço daqueles, a manter e a preservar com eventuais melhoramentos de pormenor muito cuidadosos, deveria no mais ser intocável. Numa era de degradação contínua da qualidade de vida em meio urbano, aquela joia ali quedada quase por milagre deveria merecer o espanto e o respeito de quem quer que sinta verdadeiramente o que é a alma de uma cidade ou de um quarteirão urbano.
Interroguei-me: como é que autarcas, técnicos, projetistas, urbanistas, podem conceber uma intervenção como a prevista sem «temor e tremor», sem um pouco ao menos de vergonha? Por mais que haja quem não queira ver que existem tendências de época (como em todas as épocas, hoje um grau exponencialmente acima talvez) que representam uma ruína do pensamento, é preciso que haja quem afirme e aponte essa ruína (que amigos sugeriram ser também da «alma») para que os seus autores não possam dentro de duas décadas (quando se oficializam os arrependimentos...) dizer «que não sabiam». Felizmente, embora de maneira mais singela, é isso que exprime a revolta dos moradores do Alboi que colaram cartazes nas janelas das suas casas liliputianas mas singelamente atraentes a dizer, embora por outras palavras, que se recusam a ser triturados pela pretensa «modernidade», mesmo «sustentável».
Quem estiver ainda a tempo e puder impedir um disparate desses, que não fique de braços cruzados'.
José Carlos Marques
licenciado em filosofia, ex-professor, escritor,
ex-tradutor numa instituição internacional europeia
by Tiago Pereira
'A Câmara Municipal de Aveiro lançou o Concurso de Ideias “Revestimentos Cerâmicos” com o qual se pretende promover o aparecimento de propostas criativas que possam ser reproduzidas em revestimentos cerâmicos a aplicar em vários locais públicos da cidade contribuindo assim para a sua regeneração e embelezamento. Ambiciona-se, igualmente, marcar na cidade um percurso com referências históricas territoriais, assinalando antigos edifícios e ofícios.
Esta é uma nova oportunidade aos artistas e criadores contemporâneos. Saiba como participar e obtenha a ficha de inscrição aqui. As inscrições estão abertas até 31 de Março'.
Mais informação aqui
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Uma excelente iniciativa da CMA que liga a arte, a indústria e o espaço público.
JCM
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Cidades pela Retoma (http://www.facebook.com/CidadespelaRetoma)
Projecto colaborativo 'Rua das Ideias' [http://issuu.com/citiescivicinitiative/docs/rua_das_ideias] - movimento informal 'Cidades pela Retoma' [http://noeconomicrecoverywithoutcities.blogs.sapo.pt/]
Respigos da reflexão feita sobre o futuro do Teatro Aveirense no Facebook
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Sobre futuro (do Teatro, da Cultura, da cidade)
' Eu acredito que se todos contribuirmos conseguiremos, mas por favor não podemos andar eternamente a dizer que não há nada em Aveiro e no entanto quando as coisas acontecem somos os primeiros a não comparecer... Falo na primeira pessoa do plural porque não me dirijo a ninguém particularmente, antes a um estado psicológico em que a maioria dos Aveirenses se encontra' [José Gonçalves]
(…)
‘'SEPARAÇÃO de responsabilidades, RESPONSABILIZAÇÃO e TRANSPARÊNCIA sobre as decisões tomadas'. 'SEPARAÇÃO entre CMA, ADMINISTRAÇÃO do TA e DIRECÇÂO do TA. As PESSOAS TÊM de ser diferentes. Só assim podem ser atribuídas responsabilidades e as mesmas serem assumidas. Não pode haver o EU responsabilizador e o EU responsável. Não podem haver INTERFERENCIAS de pessoas de um destes órgãos na actividade dos outros’ [Pedro Coutinho]
‘RESPONSABILIZAÇÂO: De acordo com as responsabilidades atribuídas e clarificadas, deve ficar definido À PARTIDA quais os parâmetros a avaliar e as METAS a alcançar. Isto reciprocamente entre as partes. E os direitos que cada parte passa a poder exercer sobre a outra em caso de incumprimento das METAS’ [Pedro Coutinho]
‘TRANSPARENCIA: As entidades envolvidas, as responsabilidades, as metas, as avaliações efectuadas, as pessoas, DEVEM ser PÚBLICAS e em permanência ATUALIZADAS. Depois de as responsabilidades atribuídas e acordadas, não têm (eu diria, nem devem) ser discutidas na praça pública as estratégias e as acções de desenvolvimento do negócio por parte das Administração e Direcção. As da CMA, pela natureza deste órgão, deverão estar em permanente escrutínio nos órgãos próprios da Democracia’ [Pedro Coutinho]
(…)
Julgo que seria interessante conhecer os documentos de orientação programática produzidos pelas últimas Direcções Artísticas do TA para podermos conhecer, analisar e perceber melhor as ideias, os conceitos e os projectos (será possível?). O que torna estas discussões difíceis ou complexas (e se calhar desmotivadoras) é a ausência de informação. Se queremos realmente envolver os cidadãos nestas reflexões é fundamental começar por mudar isso! [José Mota]
Dimensões do problema actual (do TA, da Cultura, da cidade)
' cenário de dificuldades é geral, mas em Aveiro não é de "apertar o cinto" que eu me queixo, mas sim do total desnorte e falta de rumo. Os outros equipamentos sempre vão fazendo algumas coisas e, mais importante que tudo, vão honrando os seus compromissos. Podem fazer pouco, muito menos que o que fizeram há alguns anos, mas o que fazem, fazem bem. É assim em Bragança, Vila Real, Famalicão, Guimarães, Estarreja, Ílhavo, Guarda, Torres Novas, Sines, etc embora o panorama seja de enorme penúria e desilusão em todo o lado' [Vasco Sacramento]
'É óbvio que se existisse uma qualquer estratégia o TA teria de ser a alavanca para a concretização da mesma, mas o abandono e o desprezo a que o TA tem estado sujeito, a constante desconsideração dos profissionais competentes que lá trabalham, a evidente erosão de um equipamento carente de manutenção, demonstram a ausência de qq política cultural. O TA é, hoje em dia, infelizmente, motivo de chacota "inter pares" pela constante instabilidade, pela incapacidade de cumprir os seus compromissos. É uma instituição pouco respeitável e que muito pouco se dá ao respeito (...) a verdade é que ninguém se interessa por isto e ninguém deverá estar muito interessado em discutir a questão. A cultura não dá votos (com excepção dos demagógicos e cobardes apoios às associações que, esses sim, garantem votos e consomem a maioria dos orçamentos das autarquias deste país) e a população está desligada do TA' [Vasco Sacramento]
a primeira questão que muita gente em Aveiro não entende é a diferença entre Teatro/Centro Cultural e Sala de Espectáculos. Um Teatro é suposto oferecer uma programação coerente e de elevada qualidade ao passo que uma Sala de Espectáculos normalmente funciona como um espaço de aluguer apenas, sem qualquer critério artístico. É o caso, por exemplo, dos Coliseus, do Teatro Tivoli ou da Aula Magna para referir exemplos conhecidos de todos. Nenhum Teatro do mundo pode viver sem um programador. Isso não existe. Mesmo salas de muito menor dimensão e ambição precisam de alguém que escolha a programação e que defina o rumo a seguir. A CMA não pretende nada do TA. O drama é exactamente esse. Em 5 anos não se conhece uma estratégia cultural, um plano a seguir, um projecto levado a cabo. [Vasco Sacramento]
(…)
'Convém dizer que o drama que afecta o Teatro Aveirense afecta uma grande parte dos equipamentos culturais construídos ou reabilitados após as iniciativas dos anos Carrilho. A construção e inauguração destes equipamentos é muito bem vista pelos poderes locais, que vêm oportunidades de cortar fitas e ficam com salões de visitas cheios de "pinta", mas poucas são as autarquias que compreendem a natureza estratégica destes equipamentos e que estão disponíveis para fazer o trabalho de manter e programar estes espaços. Quem anda na "estrada" a montar espectáculos conhece bem este panorama. E é desolador' [João Martins]
'Enquanto não existir uma vontade consequente e pública por parte da autarquia, por mais danças de cadeiras que se façam, não existirá nenhum tipo de compromisso de médio ou longo prazo para com a estrutura, ou seja, não pode existir um projecto. E isso é verdade desde a reabertura do TA, na minha opinião'. [João Martins]
'Para lá da programação em concreto, falta e sempre faltou um vínculo entre a cidade e o Teatro que depende de compromissos públicos, negociados, informados e visíveis entre a cidade e o Teatro. É um trabalho que nos cabe a todos e sem o qual, independentemente da (pontual) maior ou menor qualidade e/ou coerência de programação, a cidade não sentirá nunca falta do Teatro e, por isso, ele nunca será capaz de cumprir o seu papel. Um problema político, no sentido mais nobre e completo do termo'. [João Martins]
'A inexistência de director artístico, nesta altura, reflecte de forma mais verdadeira a realidade do equipamento. É até preferível não existir director artístico enquanto não existir um projecto ou desígnio para o equipamento'. [João Martins]
'há estudos recentes que fazem mesmo isso e que apontavam, num passado muito muito recente, para um consenso sobre o elevadíssimo retorno do investimento em cultura. Daí nasce a propaganda das "indústrias criativas", daí nasce uma retórica de arrependimento pelas oportunidades perdidas e de promessas de um novo olhar para o sector. Mas quando a corda começa a apertar, talvez por bloquear o saudável fluxo de oxigénio para o sangue, muitos decisores públicos (e privados) esquecem todas as boas intenções e toda a racionalidade e cortam cegamente em qualquer investimento cujo retorno seja de médio ou longo prazo e cuja medição envolva um esforço um bocadinho maior do que contas de somar e subtrair no seu estreito livro de balanços' [João Martins]
(…)
'O TA quando abriu tinha uma estratégia, que necessitava de tempo e investimento, assente naquilo que se acreditavam ser as redes, formais e informais, de programadores e criadores, podendo, dessa forma, garantir que a Aveiro chegaria o que 'de melhor' se produzia/apresentava em Portugal e no exterior'. [Ágata Fino]
'há que distinguir entre programar e ocupar datas num calendário, depois de separadas as águas podemos, então, questionar (quem de direito) o que quer para o TA, um espaço de programação ou uma 'sala de espectáculos''[Ágata Fino]
(…)
'É pena que uma cidade como Aveiro que já teve dois teatros plenos de programação, não consiga hoje manter um único teatro com algum nível...temos mesmo que lamentar como a cultura é tratada'. [Maria de Lurdes Ventura]
(…)
'Os potenciais utilizadores têm naturais expectativas quanto à oferta cultural do Teatro Aveirense (TA), variáveis segundo os diferentes tipos de público. Mas, para despertar o interesse de assistências, é fundamental a definição de uma estratégia adequada, competência dos responsáveis autárquicos para a área da Cultura, concretamente no domínio do Teatro. Nesse sentido, parece inadiável a nomeação de um Director Artístico que promova uma programação do TA, adequada aos objectivos deste equipamento municipal, visando a promoção cultural em Aveiro' [Manuel Janicas]
(…)
'A programação cultural, principalmente quando se trata de programação de qualidade, é suposto dar prejuízo na maior parte dos casos. Por isso é que há apoios do Ministério da Cultura e dos seus Institutos, para fazer a diferença entre os custos dessa programação e a bilheteira. Eu também gostava muito que as bilheteiras do TA e de todas as outras instituições que executam uma programação de qualidade, conseguissem ser suficientes para os custos, mas não são. Nem Instituições a nível nacional conseguem tal proeza, mesmo conseguindo chegar a um público nacional, quanto mais um teatro distrital'. [José Fernandes]
(…)
'O desafio é complicado. Passará certamente por outro caminho que não o que eu idealizo, mas temos que começar a integrar soluções. A ocupação da mais emblemática sala de espectáculos tem que resolver mais do que apenas a oferta cultural' [João Casanova]
'Há uma escola ao lado do teatro aveirense, com cada vez menos alunos. Porque não tentar ‘colocar ali’ o Conservatório ou o DECA (componente música) ali?, com as devidas adaptações como é óbvio. Porque não ceder mais umas salas para uns grupos de teatro amador daqui de Aveiro?'
(...)
Vamos falar do que se queira, de qual o peso do orçamento cultural, da sua proveniência, da forma de actuação e de prioridades... parece é que ninguém está interessado nisso [João Oliveira]
(…)
'O problema não me parece ser financeiro mas estratégico. A cultura pode ser um sector relevante na projecção da imagem da cidade no contexto nacional com repercussões na sua vida social e económica (ver caso de Guimarães e da sua aposta continuada e coerente na cultura (e no seu CC Vila Flor) - em 2012 vai ser Capital Europeia da Cultura). Portanto antes de discutir dinheiros eu gostaria de discutir opções de desenvolvimento da cidade' [José Mota].
(...)
[Sobre o valor da cultura] alguns exemplos do para a reflexão: O SECTOR CULTURAL E CRIATIVO EM PORTUGAL (http://www.portaldacultura.gov.pt/SiteCollectionDocuments/Imprensa/SCC.pdf)
Measuring the value of culture - Dez 210 (http://www.culture.gov.uk/images/publications/measuring-the-value-culture-report.pdf). Muito sucintamente, o primeiro diz que o sector cultural e criativo em Portugal já vale mais do que a industria têxtil (seria interessante avaliar o que vale (e o potencial) o SCC na região de Aveiro). O segundo estudo diz 'cultural sector will need to use the tools and concepts of economics to fully state their benefits in the prevailing language of policy appraisal and evaluation'.
Carrinhos de choque no Rossio?
Mesmo que seja por uma boa causa não deveríamos poupar o Rossio a tal penitência?
JCM
Edifício (antiga Pensão Barros) da Rua João de Moura (em frente Estação de CF de Aveiro).
Para além disso, como recorda hoje o DA, o edifício da 'antiga estação de Aveiro está a degradar-se'.
JCM
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