Notícia do DA
'O deputado socialista Filipe Neto Brandão questionou, ontem, o secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, relativamente ao futuro do Museu de Santa Joana, em Aveiro.
O parlamentar eleito pelo distrito de Aveiro recordou que a unidade museológica integra actualmente o grupo de 28 museus e cinco palácios que é tutelado pelo Instituto dos Museus e da Conservação e que “assim se destacam pela sua relevância entre os 137 museus que compõem a rede portuguesa de museus”.
O antigo governador civil lembrou ainda que o museu aveirense beneficiou a partir de 2006 de “obras de ampliação e requalificação muito relevantes”, co-financiadas pelo Plano Operacional da Cultura, que lhe conferiram um “inequívoco destaque nacional” e não apenas “local ou regional”.
A interpelação de Filipe Neto Brandão ao governante da coligação PSD/CDS visou clarificar a situação do museu numa altura em que há “rumores cada vez mais insistentes” sobre a “intenção” do actual Governo de “transferir a tutela” da unidade para a Direcção Regional da Cultura do Centro, na sequência da publicação, que “se adivinha para breve”, dos futuros decretos regulamentares relativos à Direcção Geral do Património Cultural e às direcções regionais de Cultura.
“O Museu de Aveiro continuará a ter a mesma tutela nacional dos aludidos 28 museus e cinco palácios, que são hoje tutelados pelo Instituto dos Museus e da Conservação, ou se, diferentemente destes, passará a ser tutelado por uma direcção regional, no caso a do Centro, instalada na cidade de Coimbra?”, questionou o deputado socialista'
Concluímos hoje uma importante etapa do processo de contestação da construção da ponte pedonal no Canal Central. Ao final da manhã foi entregue na Administração da Região Hidrográfica do Centro a carta de contestação com as 3.532 assinaturas.
Para além disso, o Movimento Cívico Por Aveiro, grupo de cidadãos que tem liderado este processo, elaborou e enviou ontem, por carta registada, um novo parecer técnico-jurídico sobre a ponte pedonal para as seguintes entidades:
Amanhã, ao fim da tarde, pelas 18:30, no salão nobre da Associação Comercial de Aveiro, será revelado o conteúdo destas diligências cívicas.
Contamos com a sua presença!
A ponte que nos divide (artigo de opinião)
Podia falar-vos dos inúmeros problemas de Aveiro. Podia falar-vos do abandono, da degradação, do mísero estado de muitos equipamentos públicos da nossa cidade. Porém, não o vou fazer, porque isso, isso está à vista de todos.
Podia ainda falar-vos daquilo que falta no meu bairro, daquilo que falta fazer na minha rua ou do que eu queria que se fizesse à porta de minha casa. Porém, não o vou fazer, porque isso, isso seria demasiado egoísta.
Aquilo de que vos venho falar é daquilo que quero que não se faça na minha cidade. Eu não quero que se trespasse o coração de Aveiro com uma lança de betão. Eu não quero. Muita gente não quer. Porque não consigo compreender a ideia de agredir o canal central da Ria de Aveiro, na sua principal montra, entre a ponte-praça e o Rossio, com uma ponte, seja ela qual for.
Sou completamente a favor do progresso, desde que este não se faça à custa da identidade da nossa cidade. Porque é disso que estamos a falar. A imagem-chave que os aveirenses e os que visitam Aveiro guardam no seu imaginário pessoal é a incomparável beleza do espelho de água, mesmo à entrada da cidade, com os seus edifícios quase que a descansar sobre a serenidade do canal, que por sua vez os reflecte, misturando-os com o azul do céu.
São cenários idílicos com que a Natureza brindou Aveiro e que hoje em dia, em países civilizados, se consideram riquezas inestimáveis. Gostava que também fosse assim no meu país, na minha cidade. Ao invés de valorizarmos o que temos de mais único, queremos copiar obras de fachada de outros lugares. Mas está enganado quem pensa que alguém visita Aveiro para ver pontes, edifícios ou monumentos. O que as pessoas realmente apreciam é a forma como a cidade vive em harmonia com os seus canais: os varais de roupa nos Botirões ou em S. Roque, as pequenas casas-abrigo perdidas no meio das marinhas à sombra de árvores solitárias, a tranquilidade de um pôr-do-sol avermelhado na Rua da Pêga e tantos outros detalhes que não têm preço.
Somos uma cidade que tem uma relação íntima ancestral com a água, que deve ser respeitada e levada em conta pelos técnicos, que muitas vezes, desenham os seus traços e fazem as suas contas sem saírem do gabinete, sem sentirem verdadeiramente o pulsar e o viver do lugar.
E as pessoas que valorizam a identidade desta cidade sabem que a nossa maior riqueza é a Ria, que deve ser protegida, embelezada e acarinhada. Nem sempre assim foi, é certo. Tempos houve em que não passava de um estorvo pestilento a atrapalhar a circulação e o progresso. Mas, felizmente, hoje a cidade começa a corresponder ao abraço que a Ria sempre lhe deu.
O vil betão já nos bloqueou as vistas de grande parte dos nossos espelhos de água, não vamos permitir que o façam mais. Há quem queira fazer crer que agora é tarde, que nada há a fazer. Mas agora é o tempo. É sempre tempo de lutar pelo que acreditamos. Porque as gerações passadas e futuras não nos perdoariam se não o fizéssemos. Porque ainda é tempo do Sr. Presidente ouvir a cidade e ter o bom senso e a digna atitude de recuar.
Porque Aveiro é nossa e há-de ser. Aveiro é nossa até morrer.
Gustavo Vasconcelos
Ultrapassámos as 3.400 assinaturas. É um valor absolutamente notável. Rejeição absoluta da PONTE PEDONAL DO ROSSIO!
Se estiver de acordo com a carta (http://contrapontepedonalnocanalcentral.blogs.sapo.pt/ &https://www.facebook.com/ContraPontePedonalnoCanalCentral) envie os seus dados (Nome completo; Bilhete de identidade; Email) para o emailamigosdavenida@gmail.com.
As inscrições para a segunda edição do Concurso de Ideias “Cá fora” estão abertas até ao dia 13 de julho.
http://www.cm-aveiro.pt/www/Templates/TONewDetail.aspx?id_object=37154&indexnew=1
Mais de 1.300 pessoas já subscreveram a carta a enviar à Administração da Região Hidrográfica do Centro sobre a ‘Ponte Pedonal no Canal Central’. Trata-se, porventura, da mais significativa participação cívica da história recente da democracia local aveirense, um trabalho que resultou de uma notável campanha de recolha de assinaturas feita de modo presencial pelo grupo alargado de cidadãos que se voluntariou por esta causa.
>>>
Se estiver de acordo com a carta (http://contrapontepedonalnocanalcentral.blogs.sapo.pt &https://www.facebook.com/ContraPontePedonalnoCanalCentral) envie os seus dados (Nome completo; Bilhete de identidade; Email) para o emailamigosdavenida@gmail.com.
Um apelo muito importante de Jorge Greno à ponderação sobre a oportunidade do investimento 'Ponte Pedonal', mesmo com comparticipação financeira. Vale a pena ler com atenção...
http://jorgegreno.blogspot.com/2012/02/ponte.html
O grupo de largas dezenas de cidadãos que tem estado a trabalhar nesta questão da ‘ponte pedonal do Canal Central’, desde há umas semanas, já conseguiu reunir mais de 1.000 assinaturas para a carta que irá enviar, no final da próxima semana, à Administração da Região Hidrográfica do Centro.
Acrescenta-se que mais de 80% do trabalho foi feito presencialmente, e não através da internet, o que mostra bem a qualidade e intensidade do notável trabalho desenvolvido.
Tendo em conta o número crescente de pedidos, a recolha de assinaturas foi assim prolongada até à próxima quarta-feira (22 FEV), ao fim do dia (*).
(*)
Se estiver de acordo com a carta (http://contrapontepedonalnocanalcentral.blogs.sapo.pt &https://www.facebook.com/ContraPontePedonalnoCanalCentral) envie os seus dados (Nome completo; Bilhete de identidade; Email) para o email amigosdavenida@gmail.com.
Em poucos dias mais de 500 pessoas já subscreveram a carta a enviar à ARH sobre a Ponte Pedonal.
Se estiver de acordo com a carta (http://contrapontepedonalnocanalcentral.blogs.sapo.pt &https://www.facebook.com/ContraPontePedonalnoCanalCentral) envie os seus dados (Nome completo; Bilhete de identidade; Email) para o emailamigosdavenida@gmail.com.
Não deixe de participar neste acto cívico pela sua cidade!
Convidamo-lo a subscrever a carta ‘contra a construção da Ponte Pedonal e rampas de acessos sobre o Canal Central’ que irá ser enviada, na próxima semana, à Administração da Região Hidrográfica do Centro.
Se estiver de acordo (ver documentos em anexo e fotografias) envie-nos os seguintes dados para o email amigosdavenida@gmail.com:
Nome completo
Bilhete de identidade
Agradecemos a partilha deste email com familiares, amigos, conhecidos e vizinhos.
Esta primeira fase da recolha de assinaturas terá de estar concluída até ao dia 19 de Fevereiro (domingo).
Mais informação:
artigo publicado em 7 Julho de 2010
Por uma nova Parceria (para a Regeneração Urbana)
O Prof. Doutor João Ferrão, antigo Secretário de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades e responsável pela criação do instrumento de política de cidade - Parcerias para a Regeneração Urbana (PRU), esteve em Aveiro em Julho de 2010 a fazer uma palestra sobre o tema das PRU’s a convite do movimento cívico Plataforma Cidades (dinamizado pelo Arq.º Pompílio Souto).
A palestra foi um momento particularmente rico, interessante e útil para ajudar a esclarecer algumas dúvidas que se têm levantado sobre a forma como a Parceria para a Regeneração Urbana do Parque da Sustentabilidade (PdS) está a ser conduzida. Apesar da intervenção ter sido proferida em termos genéricos, julgo que as considerações apresentadas se adequam perfeitamente à nossa realidade.
Destaco, do conjunto, cinco ideias chave que, no meu entender, devem merecer uma profunda reflexão e sobre as quais devemos confrontar o desenvolvimento da PRU do Parque da Sustentabilidade.
A primeira ideia apresentada refere que as ‘políticas públicas devem procurar responder às necessidades dos cidadãos, contribuir para reforçar a capacidade colectiva de nos adaptarmos às alterações estruturais (sobretudo em momentos de crise) e criar oportunidades (de desenvolvimento) não só para empresas, mas para as pessoas, organizações e territórios’. Importa, por isso, e em primeiro lugar, começar por discutir e clarificar a natureza dos problemas que o projecto do PdS se propõe responder (melhorar o ‘metabolismo ambiental’ da cidade? qualificar o espaço público e a sua fruição?), avaliar como este instrumento se pode tornar uma oportunidade mobilizadora da comunidade (criar um pacto pela ‘performance ambiental’? dinamizar uma plataforma institucional para a animação do espaço público?) e como se pode reverter esta dinâmica em novas oportunidades de desenvolvimento económico e social (afirmar Aveiro como cidade referência no domínio da ‘sustentabilidade’, aproveitando, por ex., a campanha da Nações Unidas - http://www.100citiesinitiative.org/?)?
A segunda ideia recorda que ‘a pertinência de uma PRU, ou de uma política de cidade, só existe se ela conseguir trazer valor acrescentado às políticas sectoriais locais’. Isto implica, segundo o autor, que ‘temos de produzir uma (nova) ‘inteligência territorial’ que perceba a relação entre os diferentes sistemas e que promova uma visão integrada entre algumas das políticas locais’ (por ex. mobilidade, cultura, ambiente e saúde). Importa, assim, questionar como os pelouros municipais atrás referenciados e entidades públicas e privadas da cidade têm dialogado sobre este assunto? Que dossiers de trabalho foram criados para o efeito e com que resultados?
A terceira ideia afirma que a ‘qualidade do instrumento PRU depende da qualidade da visão global da cidade, onde ela se insere, e da qualidade dos parceiros e da relação que se estabelece entre eles’. Em face deste pressuposto, como está a ser pensada a relação entre o PdS e as áreas envolventes (as imediatas – percursos transversais, e as estruturantes – Entrada Poente da cidade / Programa Pólis, Rossio e Avenida L. Peixinho)? Ainda permanece válido o Plano de Urbanização Polis que este projecto não valorizou e alterou? E tendo em conta a elevada qualidade dos parceiros envolvidos, como tem sido estabelecida a relação de trabalho para além dos projectos individuais que cada um se encontra a promover? E como tem sido pensado o envolvimento de outros parceiros (por ex. agentes culturais e escolas)?
A quarta ideia enuncia que 'a participação dos cidadãos não deve ser só um mero requisito burocrático que se cumpre no final dos processos', tendo sido recomendado que ‘haja mecanismos de escrutínio público à forma como os processos das PRU's estão a ser conduzidos’. Foi também referido que 'para que a participação ocorra é importante que se criem os momentos e se adoptem as metodologias adequadas', tendo sido recomendado ‘ousadia e arrojo’ nesta matéria. Em face disto, como explicar que nunca tenha havido uma apresentação pública e debate sobre o PdS? Como perceber a relutância em ceder informação aos cidadãos? O dinheiro que se vai gastar em comunicação não seria poupado (ou potenciado) com um envolvimento da comunidade desde o início do processo, para que ela se sentisse co-autora do projecto?
A última ideia apresentada sugere que 'as autarquias têm de perceber que os tempos mudaram e que as metodologias de elaboração destes instrumentos também têm de mudar' terminando recomendando que se têm de 'criar oportunidades (regulares) para discutir colectivamente e produzir ideias para o futuro da cidade (a criação de processos de aprendizagem colectiva)! Apetece perguntar quando começam a aparecer sinais desta nova prática, duma nova abertura ao diálogo e envolvimento dos cidadãos num processo colectivo de aprendizagem para a construção do futuro desejado e partilhado por todos?
Julgo que as sugestões deixadas por João Ferrão têm de nos fazer pensar e avaliar, de forma rigorosa, o que tem sido feito para responder aos desafios (e oportunidades) que este projecto nos coloca. O que está aqui em causa é muito mais do que o maior ou menor apoio a este ou aquele projecto. O que está realmente em causa são as metodologias de planeamento deste projecto e da cidade. E algumas práticas recentemente utilizadas são manifestamente desadequadas para os desafios que temos de enfrentar.
Lanço pois um repto público à liderança deste processo. Vamos ponderar, em conjunto, sobre os exigentes desafios que João Ferrão nos deixou e iniciar um processo verdadeiramente participado, que mobilize e tire partido da energia cívica que a cidade tem demonstrado possuir, que afirme uma nova agenda de preocupações da cidade, que crie novas oportunidades para animar a sua base económica local, para valorizar os seus recursos endógenos (dos patrimoniais aos científico-tecnológicos) e para estimular a vida social no espaço público, e que transforme este Parque da Sustentabilidade num exercício exemplar de construção de uma política de cidade.
José Carlos Mota, josecarlosmota@gmail.com
Docente e investigador da Universidade de Aveiro
Membro do movimento cívico Amigosd’Avenida
Convidamo-lo a subscrever a carta ‘contra a construção da Ponte Pedonal e rampas de acessos sobre o Canal Central’ que irá ser enviada na próxima semana à Administração da Região Hidrográfica do Centro.
Se estiver de acordo imprima e assine a carta que abaixo enviamos e convide também os seus familiares, amigos, conhecidos e vizinhos a fazê-lo.
Esta primeira fase da recolha terá de ser concluída até ao dia 19 de Fevereiro (domingo). Assim que a terminar envie-nos uma mensagem paraamigosdavenida@gmail.com com o seu contacto para combinar a melhor entrega dos documentos.
IMPRIMA E ASSINE A RESPOSTA AO EDITAL
(se desejar um exemplar em word envie-nos um email para amigosdavenida@gmail.com)
Ex.ma Senhora Presidente da Administração da Região Hidrográfica (ARH) do Centro
Edifício Fábrica dos Mirandas - Avenida Cidade Aeminium
3000-429 Coimbra
Assunto: Edital n.º 2012/01 e Processo LDM 2011-091 -Ponte Pedonal do Rossio
Os cidadãos abaixo-assinados vêm por este meio expor as seguintes objecções à construção da Ponte Pedonal e rampas de acessos sobre o Canal Central:
A ponte pedonal é uma agressão ao Canal Central
A ponte pedonal condicionará a fruição do Canal Central
A ponte pedonal condicionará a navegabilidade e utilização do Canal Central
Por todas estas razões, solicitamos à Administração da Região Hidrográfica do Centro que não atribua a licença para utilização do Domínio Público Hídrico, por julgarmos que não estão reunidas as necessárias condições para assegurar o interesse colectivo do projecto.
Com os melhores cumprimentos
Nome |
Bilhete de Identidade |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Ponte NÃO
Desgraçada ponte que nem tem quem a defenda (com credibilidade)
Porque vi anunciado nos jornais, no passado dia 2, quinta-feira, fui até aos Paços do Concelho, para assistir ao debate sobre a construção, ou não, da famigerada ponte sobre o Canal Central da nossa Ria.
Logo à partida, porque já encontrei a sala cheia quando cheguei, e porque eram pessoas conhecidas a maioria das que estavam presentes, enquanto esperava pelo início dos trabalhos dei comigo a recordar os primeiros tempos da democracia em 1974, quando se enchiam as salas de apaniguados políticos, a fim de se defenderem as costas dos chefes . Foi esta também uma luta que se travou na altura. E isto nem é uma crítica, pois até eu próprio colaborei em actos deste género. Quando havia comícios importantes, lá se faziam alguns telefonemas para uns tantos “caciques”, que se encarregavam de mandar para o local alguns autocarros de “militantes” a quem se entregavam dezenas de bandeiras para animar a encenação. E até tínhamos uma força de segurança, que percorria o País a fim de dissuadir algumas “almas do outro mundo” que muitas das vezes iam aos comícios procurar amedrontar aqueles que se propunham ser esclarecidos. Não sei porquê, enquanto esperava, vieram-me à memória tantas destas cenas e tantos amigos que durante alguns anos contribuiram para que a democracia viesse a ser uma realidade. E contra alguns que se julgavam donos e senhores das consciências do Povo, muitos de nós conseguimos desmascarar. Tantos desses aprendizes de novos ditadores, que foram ficando desacreditados aos olhos dos portugueses! Ainda hoje por aí andam uns tantos, mas apenas fazem parte do folclore político nacional, e há muito deixaram de assustar quem quer que seja.
Ainda me lembro de partidos políticos que mandavam bêbedos para as salas das reuniões para não deixarem que ninguém falasse. Ainda me lembro de um amigo que passou uma sessão a “enfiar” cigarros após cigarros na boca de um embriagado, para que este se mantivesse um pouco calado.
Nestas coisas há sempre os que vão para agradar aos chefes, há os que vão para fazer grandes discursos para poderem garantir os tachos, e há os que são contra, mas vão tomar posição favorável, não vá o chefe ficar zangado…
E nesses anos já um tanto afastados, muitas vezes ouvíamos, incrédulos, a defesa das ideias mais estapafúrdias.
A Arma do Crime - Pois a propósito da arma do crime - que é a ponte com que alguns pretendem assassinar o principal canal urbano da Ria - temos ouvido alguns argumentos bem ao estilo do que, de pior se tem proferido durante estes anos.
Ponte Praia - Então não é que uma pessoa, por quem até tenho muita consideração, na tal reunião do passado dia 2, defendeu a ponte para poder ir apanhar banhos de sol ao Rossio, ela que vive mesmo na outra margem?
Ponte Tripé - E aquele outro argumento de que a ponte será um local privilegiado para os turistas tirarem fotografias de sonho? Acho que seria muito mais barato fazer o que os Berlinenses democráticos fizeram na altura do MURO. Construíram torres ao longo do muro, para que os turistas pudessem ver o que se passava do outro lado, e pudessem tirar as suas fotografias, não fotografias de sonho, mas do autêntico pesadelo a que assistíamos.
O Escorrega - E ainda outro argumento não mais estapafúrdio, de um apoiante da ponte, que diz ser muito perigoso ir à Ponte Praça, em que o piso é muito escorregadio, e pode provocar acidentes . Andam tanto pelas ruas de Aveiro, que ainda não repararam que há anos que foram substituídas as pedras da calçada nas rampas da ponte, por cubos de pedra ásperos e rugosos anti-derrapantes.
Ponte Corte e Costura - E então o argumento de outro político da nossa praça, que ainda não tem uma ideia formada acerca da construção da ponte, mas opina a favor, e diz que depois se verá como fica. Tipo CORTE E COSTURA. Como quando vamos comprar um fato, e mandamos subir as calças ou apertar a cinta do casaco.
E por falar em corte e costura, não é que há quem queira subir o vão das pontes do canal do Fórum, por causa das proas dos barcos moliceiros turísticos? Não é que essa gente, alguns com responsabilidades, mas pelos vistos irresponsáveis, ainda não repararam que o vão dessas pontes é igual ao vão da Ponte Praça? Só falta que se proponham subir também a Ponte Praça! Será que ainda não repararam que os tais que mandaram fazer aquelas pontes todas, também construíram as comportas do canal de S. Roque, que, com as eclusas, permitem regularizar o nível das águas nos canais urbanos? Será que ainda não repararam que já não temos cheias nas ruas da cidade, pois é possível regularizar as águas, até nas marés vivas? Por que será que não baixam o nível da água nos canais, o suficiente para que as proas dos barcos não sejam destruídas? Será simples e é barato, mas é necessário estar atento às coisas e conhecer os equipamentos que têm à sua disposição, mas que foi comprado por outros que tanto gostam de denegrir.
Ainda não ouvi qualquer argumento válido dos que querem e defendem a famigerada ponte. Até o argumento do técnico da Câmara que foi defender os enormes méritos do projectista, com obras por tudo quanto é sítio e em países mais desenvolvidos do que o nosso, ainda me deixaram mais preocupado. É que em Aveiro, e para não ocupar todo o jornal, fico-me apenas por dois exemplos, que temos de preservar custe o que custar: primeiro os Ovos Moles de Aveiro. Os Ovos Moles de Aveiro são conhecidos, procurados e até imitados por todo o Portugal. Não consigo perceber porque é que a Câmara de Aveiro não investiu fortemente nos Ovos Moles na eleição das 7 maravilhas gastronómicas portuguesas, como outros fizeram e conseguiram eleger doces muito menos apreciados e conhecidos. E outro sector que a meu ver é intocável, é a nossa Ria. A Ria de Aveiro, que deve ser promovida, valorizada e cada vez mais, alindada: principalmente os canais urbanos da Ria, que verdadeiramente tornam Aveiro numa cidade única. E nos últimos anos muito se fez para valorizar estes canais. Há uns quinze anos era impensável termos barcos turísticos a percorrer estes canais e a circularem pelo lago da Fábrica Campos. Há uns quinze anos era impensável que viessem a Aveiro os milhares e milhares de turistas que permanentemente por aí passam. E para isso muito contribuiu a importância que algumas Câmaras deram aos canais urbanos da Ria nos últimos anos. Quem ainda não se lembra do cheiro nauseabundo e do aspecto afastativo do lodo à mostra no centro da cidade? Quando se quer criticar o eventual campeão da construção de pontes, deveriam ter a honestidade de reconhecer o avanço enorme que se deu no ar lavado da cidade de hoje, a começar pela Ria.
Imaginem o que seria se alguém começasse a vender Ovos Moles com as hóstias verdes, ou amarelas à Beira Mar. Seria assassinar um dos ex- líbris mais importantes de Aveiro.
Imaginem Aveiro, com o seu principal braço urbano da Ria, conspurcado por uma qualquer ponte. Seria assassinar o principal ex- líbris de que tanto nos orgulhamos. Aquele espelho de água aqui bem no centro da cidade, entre a ponte da Dobadoura e a Ponte Praça, tem de ser intocável. É muito, mas muito mais importante do que qualquer ponte. Aliás, quanto mais imponente possa ser a tal ponte, mais vem secundarizar aquele braço da Ria. Sem menosprezar as gentes de Aveiro, e aqueles que pela vida que viveram, e pelas lutas que travaram, continuam a ser para todos nós enormes referências e fonte de inspiração, não podemos esquecer que Aveiro deve em muito o seu prestígio à nossa Ria. E aqueles que apenas conhecem a Ria de Aveiro das eclusas para dentro, a grande referência é precisamente este canal da Ria. Tapá-lo, desvalorizá-lo, secundarizá-lo, é um crime que nenhum aveirense perdoará.
A minha grande esperança, se a famigerada ponte for para a frente, é que já nas próximas eleições sejamos capazes de escolher um presidente que se comprometa a demoli-la, e a devolver este canal aos aveirenses. E não será nada do outro mundo. Também as piscinas do Beira Mar foram construídas com dinheiros públicos, e tiveram a pouca vergonha de as destruir. Por que não destruir a ponte?
Para terminar, a partir do dia em que começarem as obras da construção de tal aberração, não vou descansar em desmascarar os seus autores. Não vou promover ninguém, pois é cedo para conhecer candidatos. Mas conheço aqueles que entendo não continuar a merecer serem autarcas na minha terra.
Aveiro 9 de Fevereiro de 2012
Domingos Cerqueira
Estamos a produzir um parecer sobre a 'ponte pedonal do Rossio' para poder ser subscrito pelos cidadãos e enviado à ARH. Envie-nos o seu contacto para amigosdavenida@gmail.com.
https://www.facebook.com/ContraPontePedonalnoCanalCentral
[enviar para: geral@arhcentro.pt ou para a morada acima indicada até fim de Fevereiro]
Ex.ma Senhora Presidente da Administração da Região Hidrográfica (ARH) do Centro
Edifício Fábrica dos Mirandas - Avenida Cidade Aeminium
3000-429 Coimbra
Tel. 239 850 200 Fax 239 850 250
E-Mail : geral@arhcentro.pt
Assunto: Edital n.º 2012/01 e Processo LDM 2011-091 -Ponte Pedonal do Rossio
No seguimento do edital n.º 2012/01 e Processo LDM 2011-091 vimos por este meio expor as seguintes objecções à construção da Ponte Pedonal do Rossio:
[texto explicativo e fundamentado]
Mais um belíssimo exemplo de cidadania num debate sereno e esclarecedor organizado pelo Diário de Aveiro e pela Associação Comercial de Aveiro. Uma reprovação unânime à construção da ponte e um pedido aos parceiros do Parque da Sustentabilidade para que reflictam sobre uma solução alternativa.
Está aberto um Edital sobre a ocupação do domínio público marítimo pela ponte pedonal, emitido pela Administração da Região Hidrográfica do Centro, que dá oportunidade aos cidadãos para manifestarem objecções (por razões de natureza ambiental, paisagística, social, cultural, económica e territorial).
É importante que os cidadãos participem neste exercício cívico, manifestando a sua opinião. Contudo, devem fazer um esforço de fundamentação da opinião, procurando ler os documentos, ouvir outras opiniões, conhecer o historial do processo.
Não invalidando que possam existir outras informações relevantes, aqui ficam os dados que foi possível recolher:
Irá ser feito um pedido à autarquia no sentido de disponibilizar a seguinte informação:
- estudos de mobilidade que sustentaram a necessidade da ponte;
- memória descritiva do projecto da ponte;
- o projecto da ponte;
- a altura da ponte;
- simulações várias (sobretudo nos pontos críticos), para que possamos perceber o seu real impacto visual;
- os pareceres das instituições consultadas;
Para mais informações sobre a resposta ao Edital consultar
Está bem viva a democracia em Aveiro. Numa noite gélida mais de duzentas pessoas saíram de casa para estarem presentes numa reunião do executivo municipal, manifestando-se, na sua grande maioria, contra a construção da ponte pedonal naquela localização. Trocaram-se argumentos (pró e a favor) num clima geral de grande elevação. Conclui no final que existe uma diferença significativa entre as duas posições. Quem a defende aponta sobretudo razões de interesse particular, quem se opõe apresenta razões de interesse colectivo. E isso para mim faz toda a diferença!
José Carlos Mota
Diário de Aveiro vai organizar debate público sobre a nova ponte pedonal do Canal Central (QUA, 8 FEV, 18:30)
A sessão de ontem foi um sinal notável de mobilização cívica, com mais de 200 pessoas na sala, de diferentes idades e profissões, e com largas dezenas de intervenções. O facto de muitas pessoas se terem dado ao trabalho de sair de casa com frio e aquela hora é um sinal muito importante!
A posição maioritária na reunião pareceu-me ser contra a ponte. Os que a defendem referem-no sobretudo por razões de comodidade, vivem perto e pode dar jeito.
Para mim foi claro que a concepção de participação dos cidadãos que o executivo defende (editais, boletins, exposições) nunca irá assegurar a devida incorporação das preocupações dos cidadãos, portanto será totalmente irrelevante para o processo. Mesmo quando confrontada com apelos, cartas escritas, pedidos de informação, a autarquia não responde.
Sobre a autorização da construção da ponte, ao contrário do que diz o presidente – 'a obra é para ser feita já' – a obra ainda não tem autorização da Administração Hidrográfica da Região Centro. Segundo este edital (http://www.arhcentro.pt/website/LinkClick.aspx?fileticket=hFjvIhDvBEo%3d&tabid=247 ) os cidadãos têm trinta dias para manifestar objecções quanto à construção da Ponte.
JCM
Solicitei ao Eng.º Carlos Santos, vice-presidente da autarquia, o envio do seu artigo de opinião que hoje o Diário de Aveiro publica para dele dar conhecimento público na lista (e blogue) dos Amigosd’Avenida. Amavelmente enviou-me o texto que remeto para vossa apreciação.
Não queria deixar de registar publicamente o seu gesto de cordialidade, mesmo sabendo que existem discordâncias de opinião sobre a matéria. Aliás, julgo mesmo que deve ser esse o tom da interpelação cívica que vamos fazer logo à noite na reunião do executivo, uma discordância cordial e fundamentada, a bem da cidade!
Até logo às 20h.
José Carlos Mota
Águas agitadas e uma ponte pedonal: a outra perspectiva
Tem havido grande agitação em alguns meios de comunicação – jornais, blogues, redes sociais – desde que apareceram no Rossio as marcações para o estaleiro do empreiteiro que vai fazer a obra da Ponte Pedonal sobre o Canal Central. Essa agitação tornou-se uma realidade em si mesma e cresceu sem que muitos daqueles que contribuem para o seu crescimento conheçam os argumentos contrários, as razões que justificam a defesa do projecto. Não se pretende, com a exposição sucinta de algumas dessas razões, diminuir a importância da participação cidadã nem desvalorizar a relevância dessas movimentações comunitárias. O que se intenta é, somente, contribuir para o seu esclarecimento.
A agora polémica ponte sobre o canal é uma peça de um projeto – Parque da Sustentabilidade – que foi aprovado e se traduz num conjunto de investimentos de 14 milhões de euros, financiados a 80% pelos quadros comunitários. Já estão a decorrer a requalificação urbana do parque da Baixa de Santo António, a reabilitação do edifício da Fábrica de Moagens, a construção do edifício e equipamento de animação e formação artístico-científica, a intervenção nas instalações desportivas do Clube de Ténis de Aveiro, a requalificação urbana do Parque Infante D. Pedro, a construção do Centro de Educação Ambiental, a reabilitação da Casa de Chá, o restauro da Igreja de Santo António e da Capela de São Francisco e a construção da Comunidade Sustentável.
A Ponte Pedonal sobre o Canal Central, para além do escrutínio político e público a que atempadamente se submeteu, foi objeto de um concurso público internacional, o qual cumpriu todos os requisitos justificados pela indispensável transparência na contratação de obras públicas. O projecto que ganhou o concurso (anónimo e, repita-se, respeitador de todos os requisitos legais) é de um especialista inglês em pontes pedonais, o arq.to Kit Powell Williams. Este arquitecto projectou dezenas de pontes que foram construídas em variadíssimos países. A sua obra é internacionalmente respeitada. A sua proposta, entre os dezoito projectos analisados, foi considerada pelo júri como aquela que melhor responde ao programa, tanto em termos funcionais como de integração paisagística.
No contexto da agitação de águas que se quer associar à ponte, o executivo aveirense foi acusado de não cumprir o PU Pólis. Trata-se de uma falsidade, como de resto se pode comprovar por ofícios da ARH Centro e da CCDR Centro.
Mas voltemos à ponte. Trata-se de uma estrutura muito simples, com um vão perpendicular às margens, onde assenta, sem tocar na água e com o mínimo de interferência no passeio de ambos os lados. Também as rampas que permitem a acessibilidade universal a todos os cidadãos se apoiam nas margens, sem tocar na água, mas sobre esta. A ponte será constituída por uma lâmina de betão branco, muito fina, que na espessura máxima tem 45 centímetros, mas que fica muito mais delgada nos topos visíveis. É de fácil manutenção, elegante e discreta.
Esta ponte permitirá percursos muito diversos e serve os peões que atravessarão o canal com variadas origens e variados destinos. Deixa livre o canal com a altura necessária para a navegação, respeitando todas as regras. Esta ponte não obrigará à amputação das proas de quaisquer barcos moliceiros. Vai criar novas perspetivas sobre a cidade e sobre o canal e, certamente, vai ser um local de eleição para fazer a fotografia de sonho quer dos aveirenses quer dos muitos turistas que visitam a nossa cidade. A ponte permitirá unicamente o atravessamento pedonal, garantindo o acesso a pessoas de mobilidade reduzida ou com carrinhos de bebés.
Outra das muitas acusações que indiscriminadamente se têm esgrimido contra a ponte é a do dispêndio económico que representa em tempos que são de reconhecida crise. A verdade, porém, é que esta ponte custará muito pouco ao município. A obra será comparticipada em 80% pela União Europeia, devendo os cofres da Autarquia suportar o gasto de apenas 80 mil euros. De acordo com as normas da EU, o valor da comparticipação está afeto a este projeto, não podendo ser utilizado para outros fins.
Paradoxalmente, entre aqueles que agora contestam a construção desta ponte pedonal – e sabemos que a maioria daqueles que a criticam são cidadãos aveirenses bem-intencionados, ainda que porventura não totalmente informados – contam-se os verdadeiros campeões da construção de pontes. Existem, nesta matéria, alguns elementos que talvez devam ser tidos em conta:
1 – entre 1997 e 2005 foram construídas, lançadas ou planeadas 9 pontes;
2 – 3 dessas 9 pontes não têm altura suficiente, obrigando os moliceiros a cortar a proa;
3 – este Executivo vai levantar essas 3 pontes, para que os moliceiros circulem com proa, o que implica o gasto de um valor superior ao custo da nova ponte.
A arquitetura nunca é consensual. A Ponte do Laço não o foi seguramente. Muitos diziam ser monstruosos todo o ferro e o betão que a sustentam. O que é consensual é que todos amamos e respeitamos as imagens de Aveiro antiga, com as duas pontes, antes da ponte praça. Mas poderia Aveiro continuar a ser assim? Deveria sê-lo? Julgamos que não.
É claro que seria mais fácil se os barcos não tivessem que passar por baixo, mas nós queremo-los a navegar.
É claro que seria mais fácil se, sendo a ponte apenas para peões, fossem esquecidos os cidadãos com mobilidade reduzida. Mas nós queremos todos os cidadãos livres.
É muito mais fácil dizer mal do que defender. É muito mais fácil nada fazer do que enfrentar os que se opõem a que se faça. Não é só aqui. As pontes foram polémicas em muitas cidades. Até em Veneza o foram. Todavia, a experiência diz-nos que quando as pontes começam a unir as margens e se criam novos pontos de vista sobre a cidade e sobre a água, essas pontes deixam de ser polémicas e passam a ser queridas. E usadas. E as cidades orgulham-se. Acredito que é o que vai acabar por suceder com a Ponte Pedonal sobre o Canal Central.
Carlos Silva Santos
Vice-Presidente CMA
Reunião do executivo municipal, Quinta-feira, 2 Fevereiro, pelas 20h, nos Paços do Concelho, Aveiro.
Participe neste acto cívico, tenha uma palavra a dizer sobre o futuro da nossa cidade!
Não deixe que os outros decidam por si!
Recomendo vivamente a leitura deste belíssimo texto do nosso amigo João Martins sobre a cidadania em Aveiro - ‘Da importância de estar vivo’ (http://joaomartins.entropiadesign.org/2012/01/31/da-importancia-de-estar-vivo/).
JCM
Internacional
Aveiro
Media Aveiro
Cidadania
Actualidade
Cidades
Clube dos Amigos e Inimigos da Dispersão
Cultura e Criatividade
Mobilidade