extractos da entrevista a O Aveiro do Presidente da Associação Comercial de Aveiro
ed. 873, 12 de Dezembro de 2008
Propostas - Jorge Silva, presidente da Associação Comercial de Aveiro
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A ACA concorda que é preciso fazer alguma coisa pela Avenida porque de dia para dia ela degrada-se. Neste momento estamos com um núcleo de comerciantes que têm interesses na Avenida a fazer um estudo que está a ser trabalhado com a ajuda de um núcleo de arquitectura da cidade. Esperamos no início do ano apresentar esse trabalho ao público e que terá a perspectiva dos comerciantes para o futuro da Avenida.
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Retirar os carros nem pensar. Isso é estar a matar coisas. E nós temos de evoluir nas situações. Dou-lhe o exemplo da Rua Direita que, na nossa opinião, e apesar dos serviços das finanças e os da própria Câmara terem saído daquela zona, perdeu por estar pedonalizada. Se calhar não deveríamos pedonalizar a cem por cento. Tem de haver uma situação de compromisso entre o automóvel e o peão.
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Acções de requalificação para a Avenida… Mais limpeza, passeios melhor arranjados e mais mobiliário urbano. E eu, pessoalmente, questiono muito as árvores da Avenida. É um toque antigo mas temos de evoluir. O passeio central é algo de morto e de não útil. E há que alargar os passeios laterais. São opiniões minhas mas que começam a ser transversais a muita gente.
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Por minha iniciativa as árvores do passeio central teriam de desaparecer todas para se colocar árvores nos passeios laterais de uma outra maneira. Na altura própria esta ideia será explicada. Mas parece-me que tem cabimento.
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Isto poderá levantar movimentos da população contra o corte? Não, até porque estaríamos a substituir árvores por árvores. Faz sentido ter árvores na Avenida mas não como as actuais cujas raízes prejudicam tudo e mais alguma coisa e cujas copas são enormes para a Avenida que temos.
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A Avenida há 20 anos atrás era uma zona comercial nobre da cidade. Hoje em dia está descaracterizada em termos comerciais. As casas comerciais não são as mesmas. Na minha opinião o comércio desvirtuou-se um pouco. Há casas comerciais, nesta zona nobre, que não têm a nobreza que deveriam ter. Com o devido respeito que tenho por elas, há comércio e comércio. Uma coisa é vender baldes de plástico, outra coisa é vender roupa de classe. Tem de haver algum equilíbrio.
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Na baixa da cidade, termos casas comerciais com um nível um pouco inferior àquilo que todos nós gostaríamos que tivessem, não abona nada. Deveríamos ter nas zonas principais da cidade a excelência do comércio. Essa é a lógica. Se isso não acontece alguma coisa está errada. Tem de haver algum cuidado a licenciar. Não se pode ter uma oficina de automóveis ao lado de uma loja de roupa e a seguir um cabeleireiro. Há coisas que chocam.
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Sobre a construção de um parque de estacionamento subterrâneo? À volta da Avenida já temos vários parques para várias centenas de carros. Acho que há estacionamento mais do que suficiente para ter de se esventrar a Avenida com obras que se calhar demorariam muito tempo. E não sei se as casas comerciais teriam sustentabilidade para se aguentarem… Só se, aquando da candidatura, tiverem o cuidado de contemplarem as casas comerciais com um subsídio para que elas se possam aguentar.
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O comerciante deixou-se estar, foi-se acomodando à realidade e quando deu conta passou-lhe o negócio à frente. Muitas vezes tentaram-se renovar mas não é suficiente porque tem de haver um todo. Se olharmos para a cidade, em especial para o centro, vemos que as casas habitacionais estão vazias. Há uma desertificação do centro da cidade. E tem de haver habitantes para que haja vida, para que haja comércio.
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O comércio tradicional está condenado à extinção? Está condenado se entendermos que as cidades vão continuar a esvaziar-se de gente. Aí sim, sem pessoas não há quem compre. Não podemos criar uma cidade e criar nela vários departamentos: no bairro x colocar serviços, no bairro y indústria, no bairro z comércio… Tem de haver um todo a funcionar. As coisas têm de ter alguma ligação, caso contrário não funcionam. E essa ligação compete à Câmara fazê-la. Numa primeira fase têm-se de criar boas condições aos comerciantes.
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Como é o clima actual entre os comerciantes? Clima de tristeza, de preocupação e de dificuldade. Se calhar se as coisas tivessem outro aspecto as coisas estavam melhores. Aliás, a própria Câmara também está preocupada com isso senão não fazia os eventos que tem feito sobre a revitalização da Avenida.
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