Quarta-feira, 24 de Junho de 2009
(contributo)
Os sinais que surgem globalmente em círculos de "novos urbanistas" resultantes de preocupações de sustentabilidade do planeta, da ineficácia de políticas sociais de alojamento, de colapsos económicos alicerçados em especulações criadoras de riquezas virtuais, de uma uniformização global de modelos de redesenho de cidades e de modas passageiras,
resultantes em suma da necessidade de nos redesenharmos a nós próprios no que diz respeito ao consumo, às escolhas habituais no quotidiano, ás referências do que consideramos sucesso e reconhecimento.
Esses "novos urbanistas", onde se incluem neri oxman ou alexandre manu, ela médica e arquitecta ele designer e filósofo, são de opinião e eu também, que, actualmente, alicerçar investimentos de revitalização de cidades ou áreas de cidades em mobilidades onde o automóvel é o centro das questões é um velho erro.
Pensar a cidade de Aveiro, nomeadamente a Av. Lourenço Peixinho e o seu papel na Nova Cidade de Aveiro ´deverá
ser um desafio á própria identidade de Aveiro enquanto polo de inovação". Senão, a inovação de que se fala não passará de mais um slogan entre tantos outros, que se gastam e diluem com o tempo, acentuando a derrocada das ilusões que não passam de sound bites e mega bites.
Portanto, deverá ser colocado no centro das preocupações do que será a nova avenida, as pessoas, os utentes, presentes e futuros. E esses utentes não poderão ter "toda" a liberdade. É utópico pensar que a liberdade é uma conquista ilimitada. Logo, viver como cidadãos responsáveis implica estar disponível e ser capaz de abdicar da nossa própria liberdade, logo que começam a sentir-se outras humanidades.
Podemos começar por criar estruturas ligeiras de transporte, público e privado, e, em função de novas e reformuladas
funções, Podemos também pensar que um único nivel de relacionamentos espaciais numa avenida que fisicamente cresceu em altura, já é pouco e redutor para o séc. XXI.
Por isso gostei tanto da ideia dos jardins verticais. E hortas verticais e outras verticalidades que se poderiam estudar , como exercício imaginativo, para a avenida. Mas como disse ao almoço de terça (no Necas), o cerne da questão está nas funções, na sua complementaridade e diversidade, e na capacidade versátil dos espaços.
Vamos começar pela função urbana. O que acontecia se se fechasse a avenida, e só se pudesse atravessá-la? ( os automóveis, claro).
Helder Ventura