Quinta-feira, 6 de Agosto de 2009

O Facebook é hoje um espaço privilegiado de debate e reflexão, pela capacidade instantânea de colocar vários parceiros a reflectir sobre um determinado tema. 

A partir da preocupação com a política de reutilização de edifícios públicos devolutos que se desenvolve em Aveiro um conjunto de utilizadores do Facebook e cidadãos de Aveiro tiveram esta conversa que se prolongou por treze horas (não continuas).

Vale a pena ler! 

 

Mote:

Lar de quatro estrelas no antigo quartel - JN

Que 'Bella Vida' para o Quartel! Em vez de 'residência assistida' não poderia ser 'residência artística'?

JCM

 

Carlos Fragateiro (CF)

JCM mas há assim tantos artistas para por tudo e por nada pedirmos para se criarem residências para artistas? Há uns anos todos os mercados ou grandes edifícios devolutos deveriam ser transformados em espaços culturais e veja se se tivesse optado por isso o que aconteceria em Aveiro onde os espaços culturais que existem têm uma programação tão pobre. E aqui falo desde a Fábrica da Ciência ao Aveirense, passando por toda uma série de pequenos projectos. A questão é como rentabilizar ou potenciar o que há e ter um novo conceito, um conceito de futuro, para o quadro de intervenção cultural, seja arte ou ciência, nos espaços comunitários, nas cidades, nas regiões e no país.

 

Jose Carlos Mota (JCM)

Meu caro, o exemplo surge com o objectivo de perceber a 'política de valorização de equipamentos públicos devolutos'. Pode haver uma boa razão que explique a opção da venda e da 'residência assistida' mas não haverá outros temas (arte, design, tecnologia,...) onde Aveiro tem recursos que justificam espaços de apoio ('residência', 'incubação', 'formação', 'criação'...)? Mas claro que concordo que tem de haver uma visão holística do que temos e do que deveríamos ter (uma estratégia)...

 

Joao Oliveira (JO)

JCM, apresente uma entidade privada/publica que queira investir nesse "conceito" e tenho a certeza que bastará uma reunião na CMA para conseguir comprar, em leilão, algum dos espaços que entende importantes. Quiçá na avenida!

 

JO

concordo com o Carlos Fragateiro. É que,JCM, neste momento o que faltam são recursos e projectos, não espaços. Há centros culturais semi-vazios, há "n" possibilidades... mas os recursos são limitados e limitadores.

 

JCM

JO, num post acima deste o Joaquim Pavão referiu a necessidade sentida por muitos pequenos agentes culturais e criativos de um espaço onde possam desenvolver a sua actividade. A UA forma jovens com competências no domínio das artes, comunicação e tecnologia que também poderiam ser potenciais utilizadores desse espaço. O que falta não são recursos mas sim capacidades (organizativas e espaciais) para lhes dar suporte. Uma das ideias que tem sido discutida é a criação da uma plataforma de agentes culturais e criativos (http://plataformaculturaveiro.blogs.sapo.pt/).

 

JO

Ok, mas querem desenvolver a sua actividade pagando ou não? A iniciativa privada tem espaços a 100/150 euros por mês! Até há entidades que tem os espaços semi-vazios. Não podem é esperar... sentados - proporem-se à incubadora da UA, a projectos vários que existem, procurar é fundamental.
Mas se estiverem a pensar á borla... ai é mais dificil. Porque os desinvestimentos vários (municipais, centrais, etc) fazem com que as colectividades e outros agentes pensem em avançar com soluções extra e todos os tosttões são importantes...

 

JCM

A questão é muito mais complexa do que a renda! Estou a sugerir um modelo organizativo de apoio às actividades criativas e culturais da cidade, que em primeiro lugar junta os parceiros à mesa, identifica uma agenda de prioridades, define um plano de acção, candidata projectos ao QREN. Entretanto põe os agentes a trabalhar em conjunto, equaciona forma de apoiar os projectos de maior risco, encontra espaços físicos onde essa actividade pode dar os primeiros passos. E se aí tiver de dar uma ajuda na renda, porque não? Só que isto pressupõe uma forte liderança da CMA e um maior envolvimento na concretização do processo (e não estou a falar de dinheiro)! Concorda com a ideia?

 

Joaquim Pavão (JP)

Onde estão os espaços privados (com condições) a 100€ por mês?
Não entendi o teu discurso João. O que é pensar à borla? Se um espaço é concedido, há contrapartidas, se um subsidio é concedido há contrapartidas. Nada é de borla.

 

JO

Caro JP, Vamos por partes - eu estava-me a referir a meros espaços para projectos de alguma forma - desgarrados de todo um paradigma igual ao que o JCM defende ou propõe. E em relação as áreas da novas tecnologias, conheço até empresas que estão em espaços arrendados do sector privado com valores como os que referi. A maior parte das áreas das novas tecnologias exigem espaços pequenos, aposta é nos equipamentos e não em quatro paredes em madeira, bla, bla...
As parcerias podem ser feitas. Mesmo em áreas públicas. Se X jovens de uma determinada área propuserem um serviço a uma junta ou qualquer coisa em troca de espaço, é capaz de o ter.

 

JO

No meu comentário acima devia ter lido: "É que, JCM, neste momento o que faltam são recursos e projectos, não espaços. Há centros culturais semi-vazios, há "n" possibilidades... mas os recursos são limitados e limitadores".
O modelo que preconiza, uma mudança de paradigma é claramente um modelo em que a CMA apadrinha. Mas porque é que não é a iniciativa civil a fazer isso? Porque é que tudo o que disse necessita ser feito pela CMA ou com a CMA? Em teoria, até poderia concordar com a ideia, mas também ainda tenho principios mais liberais, em que as coisas são feitas pela sociedade civil, com menos intervenção do Estado, castrador, muitas vezes... São diferenças de raiz, se calhar. e que o espaço do Facebook não permite explicar.

 

JP

Há aqui alguma confusão. Não me refiro às empresas. Nem conheço a realidade do sector empresarial em Aveiro. 
É que o sector da cultura é outro, e este tem necessidades próprias. Haverá alguém que se interesse?
A sociedade civil só pode fazer o que lhe compete. Pedir, interrogar e elaborar propostas. Os organismos eleitos têm o mesmo papel (é preciso aceitar e fazer valer) acrescentando a execução. Pelo menos a este nível (dinamização de um programa cultural para o desenvolvimento da cidade). É claro, que se falarmos num edifício (exemplo) que possa albergar associações e artistas acharia interessante que partisse de uma proposta da parte de quem nos representa. Revelaria interesse e capacidade de gestão. Contribuiria para elaboração de um programa cultural para todo o ano, responsabilizando os agentes culturais a organizar e promover o seu trabalho junto da população em troca de condições dignas para o seu desenvolvimento.

 

JCM

JO, tratam-se, de facto, de duas visões ou entendimentos diferentes do papel da autarquia. E aí defendo que nos domínios estratégicos (artes, design e tecnologia) a CMA tem de ter um papel liderante e dinamizador, articulando-se com os parceiros dos diferentes sectores (como aliás está a fazer no Parque da Sustentabilidade). E sabe porque tb defendo esse papel pq a CM é a única que pode ter uma visão e actuação holística (actuando no território, dinamização económica, ensino, transportes,...). Se não for para isto, pq precisamos da CM?

 

JO

Caro JP, A autarquia já tem uma casa da cultura que é sede de múltiplas associações. Inumeras outras têm recebido sedes em comodato no primeiro andar do Mercado de Santiago. Há inúmeras associações que estão nessas condições. Poderiam ser mais? Juro que não sei...

 

JP

Com certeza que sim. Mais e com diferentes dinâmicas. Penso também que as instalações que fala não servem muitos profissionais. Daí que ninguém (profissionais) se interesse vivamente por estes. Mais uma vez volto a frisar a importância de não se dar um espaço. Gostaria de ver num plano uma casa das artes (central) que permitisse albergar gente, gentes a quem se cobraria uma planificação anual com propostas de apresentação na cidade a troco de condições para o fazer.

 

CF

Mas porque é que não se questiona a universidade sobre o enorme espaço da Fábrica da Ciência que é o espaço ideial em Aveiro para ter essa dinâmica, ligando-a à universidade, à criação e experimentação, podendo cruzar a criação artística, científica e tecnológica, tornando-a efectivamente uma Fábrica do Conhecimento. Há claramente que enfrentar os desafios e perceber estratégicamente onde é que há condições e potencial para que um projecto diferente possa avançar. E não vale a pena andar a olhar para o lado, quando mesmo à nossa frente, e no centro de Aveiro, temos o espaço ideal.

 

JP

Gostaria muito de ver a Fabrica a produzir coisas interessantes no domínio artístico. Não sei, é se será essa a sua função, por desconhecimento do seu principal papel na cidade enquanto instituição.

 

Anabela Salgueiro Narciso Ribeiro

Não podemos negar que há alguma 'arte' na forma como a Fábrica tem vindo a transmitir várias 'sensibilidades científicas'. Talvez o papel (e o ideia) de uma Fábrica mais Artística devesse caber ao TA. O facto de tal não acontecer actualmente é que é grave. Faria mais sentido neste caso a arte a puxar para o seu seio a ciência (através de projectos concretos e orientados) do que o inverso, uma vez que tal já acontece no caracter lúdico com que a Fábrica é de Ciência.

 

Paulo Renato Trincão

Isso depende do que se entende da relação entre a arte e a ciência. A alteração da orientação em direcção à escola mata esse caminho.



publicado por amigosdavenida às 23:16 | link do post | comentar | favorito

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