Terça-feira, 28 de Setembro de 2010

O movimento informal de cidadãos Amigosd'Avenida, que participou no lançamento da iniciativa cívica para que a Câmara Municipal de Aveiro (CMA) tornasse público o estudo sobre as ‘árvores da Avenida (http://www.facebook.com/abater44chouposavenida), não pode deixar de saudar e louvar a atitude da autarquia pela disponibilização dos documentos solicitados no seu site e pelo contributo que esta atitude pode ter para o esclarecimento da fundamentação da sua decisão e para apoiar a discussão e reflexão que se irá seguir.

O presente documento pretende constituir um pequeno contributo para a reflexão e foi desenvolvido de forma colaborativa, construído com contributos de dezenas de cidadãos que entenderam colaborar neste desafio lançado pelos Amigosd'Avenida. Entre estes cidadãos contam-se alguns especialistas na área da botânica/biologia, paisagismo, arquitectura e urbanismo.

Vimos, por este meio, dar conhecimento público da síntese das principais questões identificadas, após ter sido dado prévio conhecimento ao Executivo e aos Técnicos Municipais.


Questões para reflexão

  1. O objectivo do estudo centra-se exclusivamente no ‘problema biomecânico’ dos choupos e não avalia outras dimensões relevantes das árvores da Avenida, em particular a sua dimensão ambiental (efeito sobre ventos e poluição, que é preocupante na Avenida - partículas e monóxido de carbono acima dos limites fixados pela legislação, como referiu o Prof. Carlos Borrego), ecológica (impacto nos hábitos de nidificação e migração dos pássaros (estorninhos, andorinhas e corujas) que reduzem a presença de insectos e roedores), estética (perturbação no conforto e imagem urbana) e económico-social (repercussão na ‘atractividade’ da Avenida) situação reconhecida pela CMA nos Princípios Orientadores de intervenção para o futuro da Avenida (princípio 16 - ‘a arborização é considerada como fundamental como elemento estético, paisagístico, ecológico e de sombreamento e protecção do peão’). Sugere-se, assim, a integração da decisão de fundo (a intervenção no conjunto de árvores que não estão em ‘eminência de derrocada’) para o momento em que se discutir o futuro da Avenida Lourenço Peixinho, que a autarquia tem em desenvolvimento há cerca de dois anos.
  2. O estudo conclui com a necessidade de ‘abater 44 choupos na Avenida, 26 no imediato (das quais 8 com ‘vitalidade má’ e 18 com ‘vitalidade sofrível’) e 18 numa fase posterior (todas com ‘vitalidade sofrível’). Foi recomendado solicitar explicação aos autores do estudo da razão pelo facto de metade das árvores que foram consideradas de ‘vitalidade sofrível’ (36) terem sido recomendadas para ‘abate prioritário’ e a outra metade para ‘abate não prioritário’. Para além disso, seria interessante perceber porque razão não foi feita nenhuma sugestão de intervenção tal como sugerido na metodologia (‘que vão desde distintos tipos de intervenção de poda, reforço estrutural com aplicação de cabos metálicos, tratamentos e aplicações fitossanitárias e, quando a segurança dos cidadãos está em jogo, o abate ou desmontagem controlada do exemplar em causa’).
  3. Por outro lado, o estudo não apresenta qualquer plano ou previsão de replantação (quando, quantas, de que espécie e porte) e não faz uma contabilização geral das caldeiras vazias. Contudo, o documento sugere ‘um único alinhamento de outra espécie, optando por um compasso maior do que o agora utilizado, de forma a não determinar o crescimento em altura, mas o alargamento das copas’. Parece-nos que estes tipos de preocupações são determinantes na configuração do Espaço Canal da Avenida, e por isso eminentemente de Desenho Urbano, pelo que é em sede de Projecto Urbano que deverão ser ponderadas. Sugere-se assim que a autarquia pondere sobre esta situação e apresente um plano de intervenção detalhado e faseado (curto e médio prazo, alargado a todas as caldeiras existentes e articulando acções de manutenção, abate e replantação) e articulado com o plano futuro da Avenida, para evitar replantações que condicionem o adequado desenvolvimento da proposta.
  4. A importância que os choupos têm para a Avenida, para a sua imagem e atractividade, deve fazer ponderar a decisão de abate dos 44 choupos - sobretudo as 28 no imediato, a não ser em caso de eminência de derrocada (eventualmente os referidos com ‘vitalidade má’). Sugere-se, deste modo, uma melhor explicação pelos autores do estudo das conclusões do Anexo ‘Listagem de Intervenções’, ou por outros especialistas na matéria, onde se equacionem outras intervenções possíveis no universo sugerido na metodologia e se abatam somente as espécies que revelem um estado de eminente colapso ou de intervenção preventiva impossível.
  5. Finalmente, o estado de degradação destas espécies (que o estudo evidencia) impõe uma reflexão sobre as causas da situação (por ex: podas mal feitas, colocação incorrecta de fios eléctricos e telefónicos, pregos, …). Face a esta situação propõe-se a produção de um conjunto de recomendações de intervenção em árvores urbanas (para pedagogia dos que intervêm directa ou indirectamente na sua manutenção ou utilização) para aplicação na Avenida e noutras áreas da cidade (podendo aliás integrar-se no conjunto de iniciativas da PRU do Parque da Sustentabilidade e poder ser divulgada a nível nacional com uma boa prática).

 

Amigosd'Avenida, movimento informal de cidadãos

http://amigosdavenida.blogs.sapo.pt/

http://www.facebook.com/amigosdavenida

http://www.facebook.com/abater44chouposavenida



publicado por amigosdavenida às 11:25 | link do post | comentar | favorito

1 comentário:
De Nuno a 2 de Novembro de 2010 às 01:07
Sou estudante de PRU, e provavelmente a minha sugestão não estará devidamente fundamentada mas ainda assim vou arriscar, até porque para um trabalho de infra-estruturas urbanas trabalhei uma proposta semelhante:
- a avenida Lourenço Peixinho não teria mais a ganhar se acabasse com a placa central? No meu ver é desperdício de espaço, que podia ser melhor aproveitado aumentando os passeios e incluindo nestes árvores de médio porte assim como uma ciclo-via num deles...Se as minhas contas estiverem certas, até pequenas esplanadas a avenida poderia ter...

Cumprimentos,
Nuno C.


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