Quinta-feira, 2 de Junho de 2011
PLANO B PARA O ALBOI
(publicado no Diário de Aveiro de hoje)
A CMA deliberou recentemente a adjudicação da 'obra do Alboi' num valor próximo dos 700 mil euros. Esta intervenção de requalificação integra-se no âmbito do Parque da Sustentabilidade (PdS), sustentado por fundos nacionais e europeus, visando promover a qualificação de uma significativa mancha verde da cidade, articulando espaços de forma a ganharem escala e dimensão permitindo satisfazer as necessidades dos diversos públicos-alvo a que se destinam.
Acontece que o projecto do Alboi, apesar dos princípios bondosos em que se sustenta, contém 'intervenções' que têm merecido uma ampla reprovação dos residentes (mais de 90%, segundo inquérito recentemente noticiado pelo DA 9/05/2010), a contestação de vários grupos de cidadãos aveirenses (Plataforma Cidades, AmigosdAvenida, mais de 2.200 cidadãos no Facebook, e vários artigos de opinião) e observações críticas de organismos independentes, com destaque para a Associação Portuguesa de Planeadores do Território que considera 'que a proposta para o Alboi é 'excessiva' por provocar uma 'ruptura' com a actual 'morfologia" do bairro'' (DA, 11/11/2010).
As críticas convergem em três aspectos fundamentais: a construção de uma rua que atravessará o actual jardim, colocando trânsito de atravessamento no meio do Bairro; previsão do número de estacionamentos; o risco de transformação do Alboi num destino de animação nocturna (uma nova Praça do Peixe), potenciado pela construção da ponte pedonal do Rossio. Uma análise cuidada de algumas destas questões pode permitir concluir que existe mesmo o risco de se ferirem os princípios defendidos pelo PdS.
De todo este processo e da ampla controvérsia que tem gerado retém-se a ideia que não foi (ainda) esgotado o estudo de soluções alternativas. Por exemplo, numa das questões mencionadas - 'rua pelo meio do jardim', que aparentemente resulta do estrangulamento identificado no cruzamento entre Rua Magalhães Serrão e Rua da Liberdade (em frente à CivilCasa), julga-se que com alguma 'boa vontade' será possível encontrar uma alternativa (provavelmente bem mais barata e de fácil implementação), com enormes benefícios para o Bairro e comunidade que ali habita. Para além disso, com algum esforço também será possível olhar para as outras questões que levantam dúvidas aos residentes e cidadãos (esplanadas, animação urbana e estacionamento) e procurar dar-lhes resposta adequada. Acontece que para que isto aconteça é fundamental que se abra um espaço de diálogo entre autarquia (executivo e serviços técnicos), instituições envolvidas na parceria e cidadãos (moradores e demais interessados) o que até agora não tem acontecido, apesar dos esforços desenvolvidos nesse sentido.
Num momento de crise económica e de racionalização do investimento é um pouco estranho assistir à aplicação de dinheiros públicos em projectos que deveriam visar a melhoria da qualidade de vida das pessoas e que ao contrário de irem ao encontro das suas necessidades (e dos objectivos que defende) geram uma elevada contestação e descontentamento. Está-se por isso num momento vital para tentar encontrar uma alternativa que responda aos verdadeiros princípios do projecto (PdS) e às relevantes necessidades e anseios das comunidades que habitam e usufruem o Alboi!
José Carlos Mota, Gil Moreira, Filipa Assis, Cristina Perestrelo, Gaspar Pinto Monteiro, João Martins, Érico Albuquerque, Hernâni Monteiro, Gustavo Tavares, Carlos Naia, Sara Silva
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De Leonardo Lerdo a 2 de Junho de 2011 às 15:51
Expliquem-me por favor:
Como é possível o mesmo município não ouvir nem munícipes nem moradores na polémica obra do Alboi, e ao mesmo tempo querer que os seus munícipes acreditem que vale a pena participar no "Orçamento Participativo Municipal de Aveiro"
Ver (2 de Junho de 2011): http://www.cm-aveiro.pt/www/Templates/GenericDetails.aspx?id_object=35051
( Orçamento Participativo Municipal de Aveiro está em fase de construção, pelo que se prevê que em 2012 o processo esteja a decorrer e em 2013 possam já ser incluídas as propostas apresentadas no orçamento municipal.)
A questão do Alboi não constituía já uma óptima oportunidade para o Município mostrar que dá importância e leva em consideração a participação dos seus munícipes nas decisões municipais?!
De
JCM a 2 de Junho de 2011 às 22:30
De facto! Tem toda a razão. A forma como foi conduzido este processo descredibiliza qualquer esforço sério de promover o envolvimento dos cidadãos.
JCM
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