O vendaval do passado fim de semana teve como único mérito fazer acordar a comunidade aveirense para o problemas das árvores na cidade.
É importante tentar perceber porque caíram tantas árvores.
Rosa Pinho, bióloga, uma cidadã incansável na pedagogia sobre a intervenção na flora da cidade e responsável pelo herbário da UA, apontou várias explicações no grupo FB 'Pensar o futuro - Aveiro' :
«Houve aqui dois factos que se somaram e contribuíram para a queda de tantas árvores e sobretudo de tantos choupos. 1- vários dias de chuva fizeram com que o solo estivesse muito húmido, o que torna o "arranque" mais fácil. 2- A desproporção da parte da árvore que está acima e abaixo do solo. As raízes não resistiram à força feita pelo vento no tronco e ramos. E alguns dos choupos estavam ocos.»
Maria José Curado, paisagista e docente na Universidade de Porto, acrescenta outra explicação: «Foram sobretudo choupos e tílias porque são as árvores em maior número nesta cidade e também das mais antigas».
De qualquer forma talvez valha a pena procurar outras razões, nomeadamente a sua frágil manutenção, podas mal executadas, complacência perante abusos (pregos e afins), algo que o estudo biomecânico feito sobre os chopos da Avenida e o parecer dos cidadãos já tinham alertado.
Acontece que agora é preciso agir com prudência. Rosa Pinho alerta para vários riscos
«Este episódio não pode ser a desculpa que faltava para termos cada vez menos árvores, porque vendavais como os de ontem são raros, em 31 anos a viver em Aveiro ainda não tinha visto um igual. As árvores são necessárias, ou melhor imprescindíveis. Eu não gostaria de viver numa cidade sem árvores»
Mas a intervenção futura tem que ser pensada.
A paisagista Amália Miranda recomendou um interessante e pertinente artigo 'How to Help Your Trees Weather a Storm (http://www.houzz.com/ideabooks/5799263/list/How-to-Help-Your-Trees-Weather-a-Storm). Nele sugere-se que 'seeing trees safely through winter storms means choosing the right species, siting them carefully and paying attention during the tempests'.
Acrescenta ainda, recorrendo a normativa autárquica, que a manutenção das árvores, nomedamente a sua cuidada poda pode 'diminuir o efeito de vela'. A explicação é simples, 'como dita a física, a árvore deve naturalmente oscilar segundo o vento e outros parâmetros fisiológicos'. Termina dizendo que 'uma árvore contida como uma parede e exposta ao vento corre sérios riscos de queda'.
Prudência, estudo, plano e acção, é o que precisamos. Agir sem estudar, não resolve o problema de fundo e cria outros.
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