A associação 'FARO 1540' em colaboração com a Câmara Municipal de Faro e a Associação de Desenvolvimento Comercial da Zona Histórica de Faro está a promover a iniciativa 'Estamos na baixa' com o objectivo de 'encontrar soluções para os espaços comerciais devolutos na Baixa de Faro e facilitar a abertura de novas lojas '.
O projecto abriu uma fase de candidaturas (ver formulário AQUI) e numa fase subsequente serão seleccionados 'os cinco projectos comerciais que se destaquem pela sua criatividade ou inovação dos produtos, pelo conceito de loja ou pelas iniciativas promocionais'. Os vencedores do concurso 'beneficiam de arrendamento gradual e a preços controlados (200-350€/ mês) em espaços prontos a usar'.
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"A antiga Casa Margaridense é agora um espaço de lazer multiusos. Na Baixa, há vários antigos espaços de comércio e indústria com nova vida
Quando era criança, Sara Pinto era uma das muitas clientes da Casa Margaridense. Agora, aos 35 anos, lança-se na aventura de retomar parte do espírito que fez do espaço da Travessa da Cedofeita, no Porto, uma referência histórica no fabrico e venda de pão-de-ló e outras iguarias. O número 21 da travessa acolhe agora a Casa de Ló (a abertura oficial é na próxima quarta-feira), que recupera a antiga loja e junta-lhe uma cafetaria, salão de chá e um bar, para satisfação dos muitos curiosos que, durante as obras, espreitavam pelas janelas.
É o último caso de uma tendência recente e que promete continuar: a transformação de espaços com tradição na vida económica do Porto - fábricas, armazéns, livrarias - em sítios de lazer, com forte actividade nocturna. A precariedade laboral e a vontade de criar projectos pessoais são alguns dos motores do surgimento destes projectos. Foi assim também na Casa de Ló, cujas responsáveis quiseram "mudar de vida".
A tabuleta "Aluga-se" na porta da Margaridense, fundada em 1880 e encerrada em 2007, tornou mais fácil a decisão de Sara Pinto, que dá formação profissional, e da amiga e sócia Adriana Rocha. Procuravam um espaço para começar um negócio pessoal. "A nossa ideia teve que se adequar ao espaço. Esta loja tem uma vida própria", conta Adriana Rocha, de 46 anos, professora na Escola Artística Soares dos Reis, no Porto.
Sara e Adriana aplicaram as suas poupanças na recuperação do espaço. Mantiveram a loja quase intacta: estão lá os balcões, as prateleiras com os produtos tradicionais que popularizaram a casa (pão-de-ló, marmelada, geleia de marmelo, cavacas, suspiros, entre outros), o cofre onde se guardavam as medidas secretas de cada ingrediente. O pão-de-ló que popularizou a casa já não será produzido ali (nem nenhum dos produtos, aliás), mas virá de uma fábrica de Margaride, freguesia de Felgueiras de onde eram originários os primeiros proprietários da Margaridense.
À tradição, Sara e Adriana juntaram novidades: chocolate, vinho, cadernos, livros e produtos de autor, uma esplanada nas traseiras (pedras do antigo forno são agora bancos), e, na zona onde antes laboravam os fornos a carqueja, noites com concertos e DJ, exposições, refeições ligeiras durante o dia e, possivelmente, projecções de filmes. Esta mistura entre o tradicional e o contemporâneo tem como objectivo "chegar a todas a idades" e tipos de pessoas, diz Sara Pinto. O horário da Casa de Ló, das 10h00 às 2h00, condiz com a estratégia.
O "regresso" dos armazéns
A tendência de transformar espaços antigos da Baixa em locais de lazer está intimamente ligada à dinâmica que esta zona tem apresentado nos últimos anos, sobretudo à noite. Depois da abertura de bares pioneiros, como o Passos Manuel, o Maus Hábitos e o Café Lusitano, um conjunto de novos empresários apostou na Baixa para instalar os seus negócios. Boa parte dos espaços mantém a traça arquitectónica e parte da imagem antiga dos espaços, construindo a sua identidade a partir desse passado. Segundo disseram vários empresários do sector ao PÚBLICO, há já projectos para novos estabelecimentos com características semelhantes.
As ruas da Galeria de Paris e Cândido dos Reis, outrora conhecidas pelos seus amplos armazéns de tecidos, são o centro da nova vida boémia da cidade. O restaurante e bar Galeria de Paris e o Plano B, situados nessas ruas, aproveitaram antigos armazéns. Não muito longe dali, na Rua de José Falcão, dois café-bares - o Café Lusitano e o Armazém do Chá - ocupam, respectivamente, os espaços que pertenceram a um armazém de moagens do início do século passado e um outro de torrefacção de chá.
Trata-se de "usar o passado para construir o futuro", diz Filipe Teixeira, um dos responsáveis pelo bar Plano B, aberto em Dezembro de 2006. Procuravam um espaço nas redondezas da Torre dos Clérigos e encontraram um edifício de 1909, "versátil", com "carácter" e com o bónus de ter sido desenhado pelo importante arquitecto portuense José Marques da Silva (responsável, por exemplo, pelo desenho da Estação de S. Bento e o Teatro Nacional São João), por encomenda do conde de Vizela. "Estava em mau estado, com o soalho e as escadas podres", recorda. Ninguém diria, mas "era muito fácil voltar a parecer um armazém".
José Pedro Maia e Pedro Trindade, da Casa do Livro, na Rua da Galeria de Paris, descobriram o espaço ideal para o bar que abriram em Junho de 2007. Já idealizavam um sítio com uma presença forte dos livros; o que não sabiam era que ali tinha funcionado uma livraria. "Chamava-se precisamente Casa do Livro. Mal se lia o nome na fachada", recorda José Pedro Maia. Acabaram por adoptar o nome e a escolha faz todo o sentido: nas paredes, há centenas de livros, em sintonia com o ambiente intimista do bar, que abre ao final da tarde.
Manter um espaço com estas características "dá muito trabalho, mas faz-se tudo com prazer", diz David Castro, gerente do Lusitano, um recatado café com serviço de catering durante o dia e um bar à noite, que se assume como gay-friendly. Quando abriu, há quatro anos, o antigo armazém, que estava desactivado há dez anos, "foi inteiramente recuperado", com algumas adaptações à nova função.
Do outro lado da rua, no Armazém do Chá, aberto em Abril de 2008, ainda se encontra cerca de uma tonelada e meia de folhas de chá, distribuída por sacos de serapilheira, sinal de um passado não muito longínquo com funções muito distantes das actuais. O espaço, com
Segundo o arquitecto Nuno Grande, as obras de requalificação transformaram as ruas em espaços mais atractivos"
Baixa do Porto vê nascer mais um espaço cultural. Breyner 85 reúne ensino artístico com bares, espaços para concertos, estúdio de gravação e outras valências
David Fialho e Rui Pina procuraram durante dois anos e meio uma casa que se adequasse ao sonho que mantinham. "Vimos quase uma centena de casas, casinhas e armazéns", recorda Fialho. O resultado da procura e do tempo gasto em obras está aí: o Breyner 85 já está aberto, só para "amigos". Em Janeiro deve começar a trabalhar em pleno.
Os dois sócios investiram mais de um milhão de euros na compra e recuperação do edifício, no número 85 da Rua do Breyner, no Porto. O prédio data de 1906 (era de um médico - logo à entrada ainda permanece a sala onde funcionava o consultório) e estava desocupado há cerca de quatro anos. A verba ajuda a perceber a ambição do projecto: com quatro andares, o Breyner 85 terá, ao mesmo tempo, escolas de artes (música, dança e teatro), salas de ensaios, um estúdio de gravação, várias zonas de bar, dois palcos (um deles no jardim das traseiras do prédio, com capacidade para 250 pessoas), uma livraria especializada em arte e uma loja de equipamento musical.
A ideia inicial não era esta, assume David Fialho, de 33 anos. Em 2002, tinha como plano criar um complexo de salas de ensaio com um bar de apoio e um estúdio. "Quando tinha uma banda, aos 18 anos, ensaiávamos em sítios muito esquisitos. Apercebi--me que as bandas deparam-se com essa realidade: 'Onde é que vamos ensaiar?'", recorda.
O projecto evoluiu para algo mais completo: "Pensei que seria um investimento maior mas mais sustentável se se tentasse fechar o círculo: aqui o músico pode aprender, criar, mostrar e editar". Está prevista a criação de uma editora que aproveite a concentração de músicos e o estúdio de gravação.
Bar para mostrar música
O espaço abre portas numa altura em que a Baixa do Porto mostra um forte dinamismo. "Esta zona da cidade está a sofrer uma metamorfose positiva. Está-se a tornar um foco importante", confirma Fialho. Mas o Breyner 85 "não é um bar", faz questão de esclarecer. "O bar está cá porque faz sentido, é a parte lúdica da música". "Somos, antes de mais, uma academia de artes com várias escolas", explica. A mistura de projectos de diferentes áreas artísticas em obras comuns será um dos caminhos a seguir de uma escola que se quer mais performativa do que teórica.
Na música, a aposta vai sobretudo para o rock. Segundo os mentores, faltava um espaço no Porto onde se pudesse aprender a tocar o estilo de uma forma séria, mas não excessivamente teórica. Novamente, a ideia surgiu de David Fialho "ter sentido na própria pele as dificuldades de um músico no dia-a-dia". No Breyner 85 será possível obter formações certificadas pela britânica Rockschool, mas também pela Associated Board of the Royal Schools of Music, dedicada à formação clássica. A agenda do espaço pode ser consultada em http://www.myspace.com/breyner85.
"A antiga rua dos armazéns de tecidos é o novo centro da movida portuense
23.11.2008, João Pedro Barros
Esta rua mudou de vida nos últimos meses: quatro novos bares tornaram-na o local da moda da noite do Porto. A Baixa agradece a animação, mas nem todos estão contentes..."
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