O Presidente da República (PR) sugeriu no seu discurso do 25 de Abril a necessidade de 'fazer da cidade do Porto um pólo aglutinador de novas indústrias criativas’... 'sinónimo de talento, excelência e inovação em áreas como as artes plásticas, a moda, publicidade, design, cinema, teatro, música, dança, informática e digital' (Público, 26/4/10).
A proposta é pertinente. Um estudo recente do Ministério da Cultura, elaborado pelo Prof. Augusto Mateus, referiu que o sector cultural e criativo 'vale tanto' quanto o sector dos têxteis (1). Para além disso, num momento em que tanto se fala da necessidade de 'cortar na despesa pública' como medida única no combate à crise, é importante referir que existem outros caminhos, entre os quais este, que passa por apoiar e estimular a actividade de sectores emergentes (por ex: cultura, artes e criatividade), cujo potencial económico e geração de emprego é relevante e cuja expressão territorial pode ser indutora de outras dinâmicas. Indo ao encontro destas preocupações, a Comissão Europeia divulgou esta semana o Livro Verde das Indústrias Culturais e Criativas - ICC- (2) onde são apresentados um conjunto de recomendações para estimular o seu desenvolvimento.
A proposta sugerida deve, no entanto, ser ponderada em duas dimensões. A primeira tem a ver com a dimensão espacial sugerida. Apesar de se perceber que a ideia tem por base o trabalho que tem vindo a ser feito pela ADDICT - Agência para o Desenvolvimento das Indústrias Criativas da Região Norte (3), que tem sede no Porto, e em particular a candidatura apresentada ao QREN (4), talvez faça sentido reinterpretá-la tendo como elementos territoriais âncora as cidades do Porto, Braga, Guimarães e Aveiro, pelo potencial cultural, social e económico que congregam. A segunda dimensão tem a ver com a necessidade de reflectir sobre o conceito de 'indústria cultural e criativa' e a sua aplicação à realidade em causa, procurando analisar o seu real potencial, esclarecer os eventuais receios sobre alguns riscos de ‘mercantilização da cultura’ e atenuar algumas ‘resistência dos agentes económicos que olham para este tema com alguma estranheza’. Mas não deixa de ser um importante e interessante desafio aos poderes locais/regionais e aos agentes culturais, sociais e económicos desta região urbana.
O assunto não é novidade para nós. Os Amigosd'avenida têm vindo a alertar para a necessidade de se olhar para este tema com atenção. Nesse sentido, produziram, no ano passado, um primeiro mapeamento das ICC da cidade de Aveiro (5) e lançaram a ideia da criação uma plataforma de articulação e dinamização dos agentes culturais e criativos (6), ideia que o Plano Estratégico do Concelho de Aveiro (PECA) também veio recentemente reforçar.
Estamos perante um tema que nos pode unir e sobre o qual a cidade/região de Aveiro tem recursos e competências relevantes. Contudo, tendo em conta a natureza embrionária e emergente de algumas destas actividades, nuns casos, e os interesses diversos e concorrentes, noutros, é fundamental encontrar uma liderança capaz de mobilizar este potencial e de sentar à mesa os principais actores.
Não será tarefa fácil. Mas as condições actuais exigem que os poderes públicos (locais/sub-regionais) assumam esta tarefa e procurem trabalhar este tema estratégico para o futuro da cidade/região, encontrando a melhor metodologia para desenhar uma agenda comum e identificar projectos que ajudem a projectar a 'produção cultural e criativa' no contexto nacional e internacional. Só este esforço permitirá colocar-nos no desígnio sugerido pelo PR de transformar a região alargada do Porto ‘numa região europeia vocacionada para a economia criativa'.
José Carlos Mota
"A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) lança em 2009, ano em que assinala os 40 anos da instituição, o ciclo de conferências “Encontros a Norte”, centrado na promoção do intercâmbio de experiências internacionais na implementação de políticas públicas, planos de acção e outras iniciativas no domínio do desenvolvimento regional.
Numa óptica de passagem da estratégia à acção, este ciclo de conferências visa o envolvimento e a participação activa de instituições regionais, empresas e personalidades relevantes em cada uma das áreas temáticas escolhidas para os diferentes encontros, fazendo ainda apelo das experiências adquiridas em iniciativas recentes no âmbito do “NORTE 2015”.
Sendo as Indústrias Criativas uma das apostas prioritárias para a competitividade da Região do Norte, a CCDR-N, em parceria com a Agência para o Desenvolvimento das Indústrias Criativas (ADDICT), elegeu como tema da primeira conferência a experiência inglesa da Creative Industries Development Agency – (CIDA).
Anamaria Wills, Chief Executive da CIDA, foi a conferencista convidada, com uma comunicação intitulada “Transforming Creativity into Business: the case of the Creative Industries Development Agency""
Apresentação aqui
"A A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN) abriu dois concursos de financiamento às indústrias criativas no valor de 40 milhões de euros, que é "uma aposta sem precedentes", disse ontem o presidente daquele organismo, Carlos Lage. "Estão a decorrer dois concursos de financiamento às indústrias criativas no expressivo valor de 40 milhões de euros para apoiar investimentos em infra-estruturas e grandes eventos culturais", anunciou o presidente da CCDRN, Carlos Lage, na conferência As indústrias criativas na Região do Norte.
O Programa Operacional Regional do Norte tem uma dotação orçamental de 25 milhões de euros para infra--estruturas, o que prevê a criação e qualificação de centros de competência e de excelência criativa, de incubadoras de negócios criativos e de espaços interdisciplinares de convergência criativa.
De acordo com o aviso de abertura das candidaturas, o objectivo é "dotar a Região Norte de espaços de convergência entre produção e fruição, de promoção e exibição de conteúdos criativos e de formação de públicos para actividades criativas".
A CCDRN abriu também um concurso para grandes eventos culturais, que recebe uma dotação orçamental de 15 milhões de euros.
"Os apoios concedidos destinam-se a criar oportunidades que valorizem, em Portugal e internacionalmente, as actividades culturais e criativas e as competências técnicas residentes no Norte de Portugal", realçou Carlos Lage, na primeira conferência dos Encontros a Norte, que se realizou ontem na Fundação de Serralves, no Porto. O prazo para apresentação das candidaturas decorre até 30 de Julho".
"Recentemente, as chamadas indústrias criativas entraram no jogo. Com um âmbito que pode ir da publicidade à música, passando pelo design, software, cinema, rádio e televisão, reclama, para si, um peso muito superior, por exemplo, ao da indústria automóvel. Os mais cépticos responderão, não sem razão, que não se vive "dessas coisas" e que muitas das actividades listadas são determinadas por outras. A resposta óbvia é que, também, não se vive sem "essas coisas" e que, frequentemente, são elas a puxar as outras. Não é este o espaço para essa discussão. Mais importante será apontar casos concretos e lembrar, por exemplo, que a dinamização ou reabilitação dos centros urbanos de cidades como Barcelona, Glasgow ou Sheffield passou por uma política para essas indústrias. Ou recordar como associamos certo design aos países nórdicos. Ou o cinema a Hollywood e, mais recentemente, Bollywood (e como a Índia tem aproveitado para melhorar a sua imagem). Ou sublinhar o papel de Bjork na divulgação da Islândia ou o dos U2 e da música, em geral, na promoção da Irlanda".
Alberto Castro, JN 3MAR09
A conferência Impacto Criativo: Cidades e Bairros Criativos, será um acontecimento em si mesmo, um evento dentro do evento Fórum Cultura e Criatividade.
Pensado como um momento de benchmarking e networking , será uma grande oportunidade para trocar contactos e para conhecer experiências de referência no panorama internacional. Aos oradores já confirmados, juntam-se agora mais alguns projectos que se vêm apresentar:
-Kunsthaus Tacheles, em Berlim, representada por Martin Reiter, líder da Equipa de Gestão
-Westergasfabriek, em Amsterdão, representada por Evert Verhagen, Gestor de Projecto
-Maison Follies, em Lille, representada pelo seu Director, Jean-Baptiste Haquette.
O Programa "Pólos de competitividade" da responsabilidade do Ministério da Economia foi hoje (ontem) apresentado na Universidade de Aveiro.
Este programa visa apoiar a criação e dinamização de pólos de competitividade a dois níveis: um conjunto de apostas em sectores com importância internacional (energia, moldes,...) e um segundo conjunto de apostas em sectores de importância regional. O concurso encontra-se numa fase de avaliação de candidaturas.
No caso dos clusters de importância regional foi apresentado o cluster das indústrias criativas que tem o seu foco principal na Área Metropolitana do Porto, com extensão a Norte (Minho) e a Sul até Aveiro. Esta candidatura promovida pela Fundação Serralves desenvolveu-se na sequência do Estudo Macroeconómico “Desenvolvimento de um Cluster de Indústrias Criativas da Região do Norte”. Uma das propostas do estudo foi a criação de uma Associação -ADDICT – Agência para o Desenvolvimento das Indústrias Criativas que reune os principais agentes culturais da região.
Nessa apresentação foram referidos alguns aspectos muito relevantes:
Como é que os agentes culturais de Aveiro se poderão organizar para tirar partido desta oportunidade?
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