O discurso sobre criação de ciclovias e o seu impacto na promoção da mobilidade ciclável tem, de facto, várias leituras e pode induzir alguns equívocos.
Existe quem defenda que a criação de ciclovias (‘dedicadas’) protege o ciclista e transmite uma ideia de segurança ao seu utilizador, estimulando uma maior utilização da bicicleta.
Acontece que os utilizadores de bicicletas, mais tarde ou mais cedo, têm de se cruzar com os automóveis (passagens, cruzamentos) e existem estudos que dizem que é aí que se dão os mais graves acidentes (por falta de contacto, excesso de confiança do ciclista, abuso do condutor,…).
Por isso há quem defenda que: se tenha de fazer reduzir a velocidade do automóvel na cidade; estimular um maior uso da bicicleta (quantos mais utilizadores menos acidentes), mas com uma condução defensiva; alterar o código da estrada (que não protege os ciclistas em quase situação nenhuma); investir na educação ciclável e em campanhas junto dos automobilistas;
Eu tenho algumas dúvidas sobre a solução ideal. Acho que, em alguns casos, pode fazer sentido criar algumas faixas cicláveis pintadas no chão (sobretudo em grandes corredores de utilização – no caso de Aveiro, por exemplo, na ligação UA-Estação), mas isso não implica que sejam esses os únicos canais cicláveis (aliás, a cidade deve ser toda ela ciclável).
Quanto às pistas cicláveis dedicadas (isto é só para bicicletas) julgo só em situações em que a relação com o tráfego automóvel é perigosa (velocidades acima dos 50Km/h) ou porque se tratam de percursos de natureza especial (por ex: circuitos de lazer ou turismo).
Agora a mudança de hábitos pressupõe um forte investimento na educação ciclável, em particular junto das escolas (porque é aí que se criam novos hábitos de mobilidade), e em campanhas dirigidas à segurança rodoviária junto dos automobilistas (estimulando práticas de condução lenta <30Km/h) e no ‘projecto de vias’ numa lógica de espaço partilhado (vale a pena conhecer melhor as experiências de ‘shared space’ que se estão a fazer no Norte da Europa).
José Carlos Mota
Uma intervenção pensada de acordo com os princípios do "shared space" idealizada por Hans Monderman e construída numa avenida em Drachten (por onde passam cerca de 20.000 carros/dia, +/- dobro da Avenida)
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sugestão de reflexão do Mário Alves no Workshop "Modos Suaves que Promovem uma Mobilidade Sustentável" organizado pela Lisboa E-Nova
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